Brasil, 7 de outubro de 2025
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Por que a Selic pode permanecer em patamar elevado por mais tempo

Dados do Banco Central indicam que a taxa Selic deve se manter alta devido à inflação resistente e expectativas desancoradas

Na última segunda-feira (6), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, apresentou dados que reforçam a probabilidade de a taxa Selic permanecer em patamar elevado por um período mais longo. A análise foi feita durante evento na Fundação FHC e aponta fatores que influenciam a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), como a inflação resistente, núcleos inflacionários elevados e expectativas acima da meta.

Indicadores de inflação mantêm pressão sobre a política monetária

Segundo dados apresentados, o IPCA-15 de setembro acumulou alta de 5,32% nos últimos 12 meses, enquanto a média dos núcleos de inflação — que excluem itens mais voláteis — chegou a 5,09%. Ambos números estão acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os núcleos refletem a pressão inflacionária que se dissemina por diferentes setores da economia, dificultando sua redução rápida, como explica o economista Leonardo Ramos ao portal iG Economia.

Pressão de custos e comportamento do mercado de trabalho

O núcleo de alimentos, por exemplo, registrou alta de 10%, indicando que os custos estruturais ligados à produção e distribuição continuam elevando os preços. Além disso, o mercado de trabalho mantém taxas de desemprego baixas e uma crescente real de renda das famílias, o que sustenta a demanda por bens e serviços e perpetua a pressão inflacionária. Ramos afirma que esse cenário dificulta uma redução rápida dos juros, pois um mercado de trabalho aquecido requer tempo para que os efeitos da política monetária sejam percebidos.

Expectativas de inflação e confiança do mercado

Galípolo reforçou a importância da transparência na condução da política monetária. Os dados indicam que as expectativas de inflação para os próximos anos permanecem acima da meta, dificultando a reversão da tendência inflacionária. Quando empresas, famílias e investidores prescrevem inflação elevada, seus contratos ajustados a essas expectativas reforçam o ciclo de alta de preços. Ramos explica que a autoridade monetária prioriza a ancoragem das expectativas para evitar que elas se desajustem ainda mais.

Impacto das condições externas e do consumo doméstico

Fatores internacionais, como a atuação da China, que exporta deflação, ajudam a conter custos de importação. No entanto, importações em altos níveis e gastos com viagens indicam que a demanda interna permanece firme. Apesar de retrações pontuais no crédito, o consumo mantém-se forte devido ao bom desempenho do mercado de trabalho, o que representa um obstáculo para uma queda mais rápida dos juros.

Perspectivas para os próximos meses

De acordo com a análise, o cenário mais provável é de estabilidade da Selic até que haja sinais claros de desaceleração na inflação e na formação de expectativas. Ramos destaca que só haverá redução dos juros quando houver evidências concretas de uma trajetória sustentável de queda inflacionária, evitando assim um risco de perda de credibilidade na política monetária. Os próximos meses serão um teste de paciência, pois os efeitos da política monetária operam com defasagem, podendo levar até o final do ano para se refletirem plenamente.

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