A Justiça do Rio de Janeiro proferiu uma sentença marcante nesta segunda-feira, 2 de outubro, condenando Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como o “faraó dos bitcoins”, a 19 anos e 2 meses de prisão. Ele foi considerado culpado pelos crimes de organização criminosa e corrupção ativa. Junto a ele, seu braço-direito Daniel Aleixo Guimarães, conhecido como Dany Boy, recebeu uma pena de 16 anos e 4 meses pelo mesmo crime. Esta ação se deu no contexto da Operação Novo Egito, que, desde sua execução em dezembro de 2022, revelou um esquema complexo de fraudes financeiras e corrupção.
O desenrolar da operação novo egito
O processo foi conduzido pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio, e a sentença foi proferida pelo juiz Nilson Luis Lacerda, da 1ª Vara Especializada em Organizações Criminosas. O juiz determinou que Glaidson seja transferido para um presídio federal de segurança máxima fora do estado do Rio, visto que ele estava inicialmente encarcerado na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
Glaidson foi trazido de volta ao Rio no final de setembro por ordem da Justiça Federal, para comparecer pessoalmente a uma série de audiências. Desde então, ele reside no presídio de segurança máxima Bangu 1, localizado no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. A investigação estima que a empresa de Glaidson, a GAS Consultoria e Tecnologia, movimentou a impressionante quantia de R$ 38 bilhões dentro de uma pirâmide financeira, resultando em prejuízos para centenas de investidores.
Crimes e ações do esquema
Os detalhes das acusações contra Glaidson são alarmantes. Ele é descrito como chefe de uma organização criminosa que, além de cometer fraudes financeiras, também estava envolvida em crimes violentos, corrupção e ameaças. A GAS prometia lucros impossíveis de 10% ao mês para seus investidores, um apelo que seduziu muitas pessoas na Região dos Lagos.
Com o aumento da concorrência no mercado de criptoativos, Glaidson teria tomado medidas extremas para proteger seu império. Segundo as investigações, ele criou um grupo armado destinado a eliminar concorrentes que poderiam ameaçar seus negócios. A denúncia destaca que Glaidson ofereceu grandes quantias de dinheiro para a execução de crimes, utilizando empresas de fachada para ocultar suas ações ilegais.
Propinas e corrupção ativa
Adicionalmente, a denúncia adianta que, em 2021, a organização de Glaidson pagou R$ 150 mil em propinas a policiais da Delegacia de Defraudações. O intuito era prejudicar uma empresa concorrente da GAS através de investigações manipuladas. Não apenas Glaidson consentiu com o plano, mas ele também ordenou a execução, estabelecendo diretrizes claras para que Daniel Aleixo realizasse o contato com os policiais.
O juiz, em sua sentença, mencionou que Glaidson não apenas controlava essa rede criminosa, mas também tratava a vida humana como um mero obstáculo a ser removido. Seu caráter empresarial foi ressaltado, evidenciando como ele utilizou essa organização para garantir sua dominação no mercado, levando a uma comparação da sua gangue a um “grupo de extermínio”.
Consequências e resposta da Justiça
No total, o Ministério Público do Rio denunciou 17 pessoas no contexto da Operação Novo Egito, mas, devido a desmembramentos, apenas Glaidson e Daniel permaneceram como réus na ação principal. Em ações separadas, a Justiça do Rio já havia condenado alguns policiais acusados de receber propina de Glaidson.
Enquanto isso, a defesa de Glaidson não conseguiu resposta positiva em um novo pedido de liberdade, já que o Supremo Tribunal Federal negou o pedido. A abordagem rigorosa da Justiça demonstra a necessidade de um combate mais firme contra fraudes financeiras e organizações criminosas que exploram a confiança e o dinheiro de milhões de brasileiros.
A GloboNews tem buscado contato com a defesa dos réus, mas até o momento não obteve retorno.