A apuração do rombo superior a R$ 25 bilhões na Americanas ganhou mais um capítulo com a assinatura de um acordo de delação premiada pelo ex-vice-presidente Márcio Cruz. A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim e revela que Cruz deixou a companhia após 23 anos de atuação e colaborou com o Ministério Público Federal (MPF) na investigação que expôs uma fraude que se estendeu por mais de uma década.
Fraudes envolvendo contratos fictícios e operações financeiras
Segundo detalhes compartilhados na delação, Cruz detalhou toda sua trajetória na companhia, incluindo a venda de ações antes da descoberta do rombo, além de apontar irregularidades como lançamentos indevidos na conta de fornecedores via contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC) e operações financeiras conhecidas como “risco sacado”.
Líderes do esquema e hierarquia na fraude
A delação reforça que os principais responsáveis pelo esquema eram Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Anna Saicali, ex-CEO da B2W. Cruz afirmou que, na estrutura de comando, “a palavra final era do Miguel”, e que as propostas contrárias às orientações dele eram ajustadas para atender às decisões do ex-CEO da Americanas.
Relevância na investigação e troca de informações
Cruz, assim como outros delatores, tinha conhecimento das ações fraudulentas, com a Polícia Federal (PF) suspeitando de troca de informações entre ex-diretores durante a Operação Disclosure. Segundo fontes, ele chegou a repassar dados sobre medidas cautelares às quais estava ligado, relacionadas à operação policial de julho de 2024.
Conexões e possíveis implicações futuras
A colaboração de Cruz será anexada à denúncia do MPF contra os envolvidos e pode fortalecer as evidências contra outros ex-executivos da companhia. Em maio de 2024, Cruz pediu acesso às delações de Flávia Carneiro e Marcelo Nunes, mas teve o pedido negado. A investigação indica que todo o esquema fraudulento ficou exposto em janeiro de 2023, após anos de atuação clandestina.
Consequências para a Americanas e o setor
O escândalo resultou na crise financeira da empresa, com fechamento de lojas e venda de ativos para evitar a insolvência. As revelações reforçam a complexidade do esquema, que envolveu figuras-chave da administração e operações ilegais que impactaram a saúde financeira de uma das maiores varejistas do país.