Brasil, 7 de outubro de 2025
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Empresários brasileiros veem diálogo entre Lula e Trump como chance de reverter tarifas

Reunião entre Lula e Trump anima setor exportador brasileiro e fortalece a diplomacia econômica, buscando reduzir tarifas e ampliar concessões

A troca de telefonemas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, fortalece a expectativa de avanços nas negociações comerciais e na redução de tarifas que afetam setores exportadores brasileiros. Empresários e associações do setor privado interpretam o diálogo como uma vitória da diplomacia empresarial, que busca influenciar a política econômica americana de forma direta, além da oficial.

Diplomacia empresarial e fortalecimento do diálogo com os EUA

Empresários envolvidos nos contatos com o governo americano afirmam que o fato de Lula ter conversado com Trump, sem menção a figuras do passado, reforça a perda de protagonismo de representantes políticos alinhados ao bolsonarismo, como Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, nos EUA. Para eles, a negociação focada em aspectos comerciais é uma conquista do movimento, que inclui reuniões com parlamentares republicanos e altos escalões do governo Trump.

Expectativa de ampliar isenções e reverter sanções

Segundo analistas, o encontro deve facilitar a ampliação do número de isenções a exportadores brasileiros e, no melhor cenário, reverter sanções, como a restrição de vistos a autoridades brasileiras. Empresários do setor de proteína, particularmente afetados pelo tarifaço, destacam que a pressão dos importadores nos EUA já demonstra efeito, com argumentações de que o tarifamento perjudica também os consumidores americanos.

Impacto do tarifaço na carne e na economia

Um executivo do setor de proteína afirma que os preços da carne nos Estados Unidos subiram devido às tarifas, que também prejudicam a competitividade do produto brasileiro. O rebanho americano está em um dos menores níveis dos últimos 70 anos, cultivando principalmente Angus, corte mais caro do que a carne brasileira, o que reforça a possibilidade de redução das tarifas em negociações futuras.

O controle das exportações de carne, bem como reuniões realizadas por empresários como Joesley Batista, mostram que o setor busca diálogo direto com o governo americano. Batista ressaltou que sua empresa emprega mais de 90 mil americanos e que as tarifas prejudicam tanto as companhias quanto o consumidor final, defendendo a isenção de tarifas para setores como o de celulose e proteína animal.

Setores agrícolas e industriais também demonstram otimismo

Representantes do setor cafeeiro estão otimistas quanto à continuidade da aproximação com os EUA, citando suporte de interlocutores como William Bill Murray, CEO da National Coffee Association. Ele destacou que o diálogo ajuda a mostrar os impactos negativos do tarifaço, que elevou em 40% o valor do café arábica na bolsa americana.

Na indústria, a Embraer conseguiu uma isenção para aviões civis no tarifaço de 50% após negociações com o Departamento de Comércio dos EUA, antes mesmo da vigência oficial. Apoios similares foram feitos por associações setoriais e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também se reuniram com autoridades americanas para reforçar a pauta de concessões.

Perspectivas de avanço nas negociações e impacto político

Especialistas destacam que o movimento do setor privado foi decisivo para abrir canais de diálogo com os EUA, reduzindo a influência de narrativas políticas e reforçando o peso da questão econômica nas negociações. Segundo José Velloso, presidente da Abimaq, o Brasil ainda não é prioridade para os americanos, mas há espaço para ampliar as exceções neste ano, especialmente em temas estratégicos como minerais críticos e etanol.

Velloso também ressaltou que o momento marca uma oportunidade do Brasil negociar concessões comerciais, uma vez que a questão foi tratada de forma estritamente econômica na conversa telefônica entre Lula e Trump. A possibilidade de um acordo mais amplo ainda é remota, uma vez que os EUA concentram esforços em negociações com Europa e Japão, mas o setor empresarial acredita ser possível avanços concretos em 2025.

O papel da diplomacia privada na política internacional

De forma reservada, empresários afirmam que a atuação conjunta do setor privado ajudou a contrabalançar as narrativas políticas e a influenciar os tomadores de decisão nos EUA. Segundo Fernando Pimentel, presidente da Abit, o diálogo oficial deve avançar com o tempo, e há expectativa de ampliação nas concessões ao setor produtivo brasileiro, embora um acordo comercial completo ainda não seja visível no curto prazo.

Para continuar acompanhando os desdobramentos dessa aproximação e os efeitos das negociações, acesse a matéria completa no O Globo.

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