Brasil, 7 de outubro de 2025
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Bishops checos celebram eleição e alertam sobre coalizão anti-igreja

Bispos da República Tcheca elogiam resultado eleitoral, mas alertam sobre ameaças à liberdade religiosa de coalizões de esquerda radical

Os bispos católicos da República Tcheca comemoraram os resultados das eleições parlamentares realizadas nos dias 3 e 4 de outubro, que elegeram o partido populista ANO 2011 liderado pelo ex-premiê Andrej Babiš, mas também expressaram preocupação com futuras políticas adversas à liberdade religiosa, especialmente por parte de uma coalizão de esquerda radical rejeitada pela Igreja.

Resultados eleitorais e posições da Igreja

O partido ANO 2011 conquistou 35% dos votos, ficando como maior força nas urnas, enquanto a coalizão de esquerda Stačilo!, que propunha restrições à liberdade religiosa e tinha um programa explicitamente anti-igreja, recebeu apenas 4,3%, abaixo do limite de 5% para entrada na Câmara dos Deputados. O arcebispo Josef Nuzík, presidente da Conferência dos Bispos Tchecos, saudou o resultado e destacou a importância de rezar pelos novos legisladores para que promovam a paz e o respeito mútuo.

“Desejo que nossos representantes possam construir pontes, ser sensíveis aos vulneráveis e buscar a verdade com honestidade”, afirmou Nuzík em declaração oficial. Além disso, agradeceu aos cidadãos que participaram das eleições e demonstraram interesse pelo futuro comum do país.

Avaliações dos bispos sobre o cenário político

O bispo Pavel Konzbul, de Brno, afirmou à CNA que os tchecos rejeitaram partidos extremistas, tanto da esquerda quanto da direita, o que ele considera uma boa notícia. “Espera-se uma mudança na política exterior, especialmente em relação à Ucrânia e à União Europeia”, comentou. Ele também expressou curiosidade quanto à capacidade do novo governo, formado provavelmente pelo ANO 2011, de cumprir todas as promessas feitas durante a campanha eleitoral.

Impacto nas relações com a União Europeia

O atual governo, liderado pela coalizão SPOLU, composta pelos partidos ODS, TOP09 e Democratas Cristãos (KDU-ČSL), recebeu 23% dos votos e ficou em segundo lugar. O partido STAN (Prefeitos e Independentes) obteve 11%. Outras legendas importantes que ingressarão no Parlamento são o Partido Pirata da República Tcheca, o SPD (Liberdade e Democracia Direta) e a nova formação Motoristé sobě.

Com uma participação de quase 70% do eleitorado, a eleição revelou um país dividido, com perspectiva de uma política mais pragmática e menos alinhada às tendências extremistas. Stanislav Balík, da Universidade de Masaryk, alertou que o novo governo possivelmente terá uma postura mais amistosa com a Rússia e menos favorável à Ucrânia, embora ressaltou que o sistema de freios e contrapesos da República Tcheca deve evitar mudanças abruptas e radicais.

Cuidados com a liberdade religiosa e preocupações pré-eleitorais

Nas semanas anteriores às eleições, a Conferência dos Bispos tchecos emitiu uma novena de oração e advertiu especificamente contra as ameaças à liberdade de culto representadas pela coalizão Stačilo!. O arcebispo Jan Graubner, de Praga, declarou que não apoiaria políticos populistas ou que propagassem ódio, incluindo aqueles que defendem a saída da União Europeia e da OTAN, além de rejeitar a cooperação com grupos que promovem discriminação contra minorias, como ucranianos, judeus ou pessoas LGBTQ+.

Os bispos também denunciaram que a coalizão de esquerda apresentava um programa explicitamente anti-igreja, incluindo propostas para limitar o financiamento de escolas cristãs e invalidar casamentos celebrados na Igreja. “Pela primeira vez, a Conferência dos Bispos claramente associou uma proposta política ao mal”, afirmou Balík.

Sem expectativa de guerras culturais

Especialistas entrevistados pela CNA ressaltaram que, embora o cenário seja de incertas mudanças, não há expectativa de conflitos culturais ou religiosos agudos. Roman Joch, ex-assessor de ex-primeiro-ministro Petr Nečas, afirmou que o próximo governo, liderado por Babiš, tenta evitar confrontos culturais com a Igreja e manter uma relação pragmática, especialmente por interesses econômicos na União Europeia.

Alexander Tomský, comentarista judeu e defensor do escritor católico G.K. Chesterton, considerou que a influência dos comunistas no Parlamento será mínima, visto que a legenda tradicionalmente prioriza benefícios materiais e não deve voltar a integrar o Legislativo em breve. Ele afirmou que a ideologia comunista é “morta” e seu potencial de influência é limitado.

Assim, a nova configuração política na República Tcheca deverá seguir uma linha de maior equilíbrio, com atenção às questões de liberdade religiosa e aos interesses nacionais, sobretudo em relação ao contexto europeu e às relações com a Rússia.

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