O Tesouro argentino está queimando suas reservas em dólares para sustentar o peso, e estima-se que restam aproximadamente US$ 700 milhões em caixa, enquanto o país enfrenta uma crise cambial. Nesta terça-feira, o governo do presidente Javier Milei vendeu dólares pela sexta sessão consecutiva, utilizando entre US$ 250 milhões e US$ 330 milhões para tentar manter a moeda estável no dia, totalizando US$ 1,5 bilhão nos últimos seis pregões.
Crise cambial e uso das reservas internacionais na Argentina
Apesar de contar com cerca de US$ 10 bilhões em reservas, o Banco Central da Argentina enfrenta restrições em sua utilização, devido ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que limita o uso dessas reservas enquanto o peso permanecer dentro de uma banda de flutuação. Atualmente, esse intervalo varia entre 943 e 1.484 pesos por dólar.
O país já recorreu ao mercado múltiplas vezes, vendendo US$ 1,1 bilhão em operações no mês passado, mas nas últimas semanas o governo transferiu recursos do Tesouro para tentar estabilizar a moeda. A rápida queima de dólares ocorre em meio à expectativa de que o dólar paralelo ultrapasse os 1.500 pesos, enquanto o câmbio oficial está na ordem de 1.429,5 pesos.
Perspectivas e impacto no cenário econômico argentino
O ambiente econômico deteriorado é agravado pelo vencimento de US$ 500 milhões em títulos de dívida em novembro, enquanto as eleições legislativas de 26 de outubro aumentam a incerteza. O mercado de títulos também sofre forte pressão:papéis com vencimento em 2035, por exemplo, recuavam quase um centavo, negociados a cerca de 56 centavos por dólar, segundo dados da Bloomberg.
A avaliação de analistas aponta que o mercado de câmbio informal deve continuar a se deslocar para além do oficial, refletindo a perda de confiança na estabilidade da moeda. Estima-se que a desvalorização do peso possa atingir até 60% ao ano nos próximos 12 meses, muito acima da inflação projetada.
Reações políticas e econômicas
O governo de Milei tenta evitar uma destruição completa do sistema monetário, enquanto busca ajuda dos Estados Unidos. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, prometeu um pacote de assistência financeira e discutirá detalhes com o ministro da Economia, Luis Caputo, que está em Washington acompanhado do presidente do Banco Central, Santiago Bausili. No entanto, o momento e o valor desse apoio ainda não estão definidos.
Enquanto isso, a crise cambial alimenta o aumento do consumo de dólares no Brasil, impulsionando as vendas de argentinos que invadem o território brasileiro para fugir da valorização do peso e do dólar paralelamente ao oficial.
Impactos e tendências futuras
A situação atual mantém a Bolsa argentina no pior desempenho global em 2025, refletindo o clima de instabilidade. Especialistas alertam que a continuidade dessa sangria de dólares e a incerteza política podem aprofundar ainda mais a crise cambial, colocando em risco a estabilidade econômica do país nas próximas semanas.
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