São Paulo, a maior e mais rica cidade do Brasil, vivencia uma nova fase no mercado de imóveis de alto padrão, que cresce não apenas em quantidade, mas também em diversidade geográfica. Dados de uma pesquisa da Brain Intelligence Estratégica revelam que, até junho, os lançamentos de empreendimentos de luxo representaram 13,1% do total na cidade, ultrapassando os 9,5% de 2024. A tendência é que esses lançamentos se espalhem para novas regiões, principalmente na Zona Oeste, como Pinheiros, e na Zona Sul, incluindo Ibirapuera, em busca de exclusividade e espaços mais amplos.
Expansão para bairros emergentes e valorização de regiões tradicionais
Segundo especialistas, a mudança é uma consequência natural da saturação das áreas clássicas, como Jardins e Itaim Biquíni. “Com a escassez de terrenos nessas regiões, as incorporadoras passaram a focar bairros mais afastados, que oferecem potencial de valorização e oportunidades de novos projetos”, explica Paulo Pôrto, professor do MBA em Incorporação e Construção Imobiliária da FGV. Mais detalhes sobre essa mudança no mercado de luxo de São Paulo.
Nos bairros de Pinheiros, por exemplo, o volume de unidades de alto padrão atingiu 1.146, o que equivale a 26,5% do total de lançamentos na cidade. Já nas áreas tradicionais, como Jardins, os projetos de luxo representam uma parcela menor, com cerca de 44 unidades registradas até o momento. Essa movimentação reflete a busca por espaços maiores, com arquitetura diferenciada e serviços exclusivos, além de uma infraestrutura de lazer completa.
Características dos empreendimentos de luxo na nova rota
Os lançamentos mais recentes apresentam imóveis entre 200 m² e 391 m², com preços que variam entre R$ 4,5 milhões e R$ 10 milhões. O preço médio do metro quadrado nesses projetos alcançou R$ 20.270, acima da média geral da cidade, de R$ 18.887, enquanto alguns condomínios de superluxo ultrapassam R$ 36.267 por m². Os empreendimentos oferecem atributos como áreas de lazer com jacuzzis, saunas, spas de padrão internacional, clubes de convivência, além de sistemas de automação e conectividade em todas as unidades.
O empresário Fernando Guimarães, líder de Real Estate na FLG, destaca que a ausência de vistas livres nas áreas de varandas é um entrave para o mercado de alto padrão em áreas já muito verticalizadas, como Pinheiros. “Por outro lado, a proximidade com eixos financeiros, como a Faria Lima, e a complementaridade com uma infraestrutura consolidada contribuem para o crescimento”, afirma.
Novo perfil do consumidor e áreas de lazer contemporâneas
As novas tendências indicam que o perfil do comprador de luxo tem mudado. Há maior preferência por imóveis menores, mas com áreas de lazer e conveniência completas. Terrenos menores impulsionam a tendência de apartamentos mais compactos, que contam com espaços exclusivos como piscinas, academias e áreas de convivência, planejadas para atender a um público que valoriza privacidade e qualidade de vida.
Projetos como o Taj Ibirapuera, por exemplo, oferecem unidades entre R$ 4,5 milhões e R$ 10 milhões, com instalações como piscinas aquecidas, quadras de beach tennis, praças de convivência e espaços de serviço sob demanda, incluindo chef ou mordomo, além de opções de personalização de plantas e acabamentos.
Impactos e perspectivas futuras
Para o especialista, o movimento de expansão do mercado de luxo para bairros de periferia e regiões emergentes pode acelerar processos de gentrificação, elevando os preços de moradia e deslocando moradores tradicionais. Ainda assim, a tendência é que bairros como Pinheiros, Ibirapuera, Brooklin e Morumbi continuem ganhando destaque, com oportunidades de valorização e investimentos que enriquecem ainda mais o perfil de São Paulo como cidade de projetos exclusivos e inovação na construção civil.