A intoxicação por metanol, um tipo de álcool utilizado na indústria, vem aumentando a cada dia no Brasil, especialmente no estado de São Paulo. Com a alta na ingestão de bebidas alcoólicas potencialmente adulteradas, as autoridades de saúde alertam a população sobre os perigos e os sintomas dessa intoxicação, que pode levar a consequências graves, como cegueira e até morte.
Crescimento alarmante dos casos de intoxicação
Nos últimos dias, o Ministério da Saúde atualizou os números de intoxicações por metanol, totalizando 225 registros em todo o Brasil. Destes, 192 casos – cerca de 85% – estão concentrados no estado de São Paulo. Esses números englobam tanto casos confirmados quanto suspeitos, além de mortes relacionadas à ingestão de bebidas adulteradas.
As cidades mais afetadas incluem Araçatuba, Guarulhos, São Paulo, Ribeirão Preto, entre outras. A variedade de localidades afetadas demonstra a gravidade do problema, o que leva médicos a reiterar a necessidade de atenção a qualquer sintoma relacionado à ingestão de bebidas alcoólicas.
As bebidas em questão e sua periculosidade
Os casos de intoxicação reportados têm origem principalmente em bebidas destiladas, como vodca e gin. Contudo, os especialistas ressaltam que, no atual cenário, nenhuma bebida deve ser considerada totalmente segura. Os destilados transparentes são os mais vulneráveis à adulteração com metanol, mas é fundamental ter cautela com todas as categorias de bebidas alcoólicas.
Cervejas em lata, por outro lado, são apontadas como uma opção menos arriscada, devido à dificuldade de adulteração durante o processo de produção e envase. Mesmo assim, cuidados devem ser tomados ao escolher qualquer tipo de bebida.
Identificando o metanol: riscos e cuidados
Um dos maiores desafios em relação ao metanol é que sua presença não pode ser identificada visualmente. Ele não altera a cor, o odor ou o sabor das bebidas, tornando-se uma “substância traiçoeira”. Para evitar riscos, as autoridades e especialistas recomendam que os consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas, lacres tortos, rótulos mal impressos ou preços excessivamente baixos.
Caso alguém apresente sinais de intoxicação, é fundamental buscar atendimento médico imediatamente e informar a origem da bebida, contribuindo para as investigações acerca da adulteração.
Sintomas e quadro emergencial
Nas primeiras horas após a ingestão de metanol, os sintomas podem ser confundidos com uma ressaca comum, como dor de cabeça, náusea e tontura. Entretanto, essa substância é rapidamente metabolizada pelo fígado em componentes ainda mais tóxicos, que afetam o sistema nervoso e a visão. Após 12 a 24 horas, podem surgir sintomas graves, como visão borrada e respiração acelerada. É crucial que o tratamento seja instaurado rapidamente, pois cada hora de atraso diminui as chances de recuperação.
Antídotos e respostas rápidas aos casos de intoxicação
Existem antídotos efetivos para a intoxicação por metanol, sendo o fomepizol o padrão-ouro. Neste momento, 2,5 mil unidades do medicamento foram adquiridas e devem estar disponíveis em breve. O etanol farmacêutico também pode ser utilizado como alternativa, retardando os efeitos do metanol, mas não tão eficientemente quanto o fomepizol.
Como descartar garrafas e evitar falsificações
A preocupação com a adulteração de bebidas se estende ao descarte inadequado de garrafas. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) recomenda que as garrafas sejam inutilizadas após o consumo. Orientações incluem não descartar a tampa junto com a garrafa, rasgar ou retirar o rótulo, e encaminhar as embalagens a pontos de coleta adequados, dificultando assim a reutilização por falsificadores.
A situação do metanol, ainda que preocupante, é um alerta para a população sobre a necessidade de cuidados na hora de consumir bebidas alcoólicas. A fiscalização em relação a bebidas adulteradas deve ser intensificada, com o objetivo de proteger a saúde da população e evitar tragédias decorrentes desse tipo de intoxicação.