No último domingo (5), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) lançou a maior operação independente contra o comércio ilegal de animais silvestres em feiras livres do Brasil. A ação ocorreu na Feira da Parangaba, em Fortaleza, e resultou na detenção de mais de 30 pessoas e no resgate de 271 animais que estavam em condições deploráveis.
Entenda a operação “Forum Avium I”
A ação, batizada de “Operação Forum Avium I”, foi recebida com grande expectativa, especialmente por se tratar de uma mobilização que contou com a participação de 58 agentes do Ibama. Esses profissionais prepararam a operação desde março, após várias visitas ao local que revelaram a conexão de pelo menos 15 criminosos com o tráfico de animais silvestres.
A Feira da Parangaba, popularmente conhecida como “Feira dos Pássaros”, é famosa não apenas pela venda de aves, mas também por outras espécies silvestres, como serpentes e macacos. Antes da abordagem do Ibama, um papagaio foi anunciado à venda por R$ 700. Os animais encontrados na feira eram exibidos em gaiolas com péssimas condições de higiene, em um ambiente estressante que frequentemente resultava na morte dos bichos.
Retenção e autuação dos envolvidos
Durante a operação, dez dos detidos foram autuados em flagrante por tráfico e maus-tratos a animais silvestres. Os agentes do Ibama transportaram os suspeitos para a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), onde boletins de ocorrência foram registrados. No total, 34 multas foram aplicadas, totalizando R$ 465.220.
Em um esforço conjunto, agentes de diversos estados, incluindo Ceará, Amazonas e Rio Grande do Norte, realizaram a operação. A ação foi planejada com detalhes a fim de evitar fugas e vazamentos que comprometessem o progresso da missão.
Preparo e justificativa da operação
A última operação de grande escala do Ibama contra o comércio ilegal de animais na Feira da Parangaba ocorreu há mais de 20 anos, o que despertou o desejo dos agentes em agir. De acordo com Saulo Gouveia, coordenador operacional do Ibama, as fiscalizações de atividades ilegais deveriam estar sob a responsabilidade da Prefeitura de Fortaleza, mas, devido à falta de ações efetivas, o Ibama decidiu agir.
A Prefeitura, por meio da Agência de Fiscalização (Agefis), informou que atua no ordenamento das feiras livas, incluindo a Feira da Parangaba. No entanto, segundo Gouveia, a instituição não viu a vacinação de um efetivo para o combate efetivo ao tráfico de fauna no local.
Estatísticas e impactos do tráfico de animais
O comércio ilegal de animais silvestres é um problema que prejudica a biodiversidade brasileira. O Ibama estima que aproximadamente 90% dos animais silvestres capturados morrem antes de chegarem ao consumidor final. Alberto Klefasz, agente ambiental, detalhou que aves como o canário da terra e o pintassilgo, que são frequentemente encontrados na feira, estão ameaçadas de extinção.
As práticas de captura são cruéis: muitas aves são mortas para que os filhotes possam ser vendidos, e diversas espécies são transportadas de longe, evidenciando uma rede de tráfico que afeta todo o país.
Consequências legais
Segundo a Lei de Crimes Ambientais, os detidos podem enfrentar graves consequências legais. Crimes como a captura, venda e transporte de animais silvestres podem resultar em penas de detenção que vão de seis meses a um ano, além de multas. Em casos de maus-tratos, a pena pode ser aumentada significativamente, especialmente se os animais afetados estão em listas de espécies ameaçadas.
A operação do Ibama não apenas visou a detenção de suspeitos, mas também o resgate de centenas de animais que estavam em condições precárias. A ação é um lembrete da necessidade de agir contra o tráfico de vida selvagem e proteger a biodiversidade do Brasil.
Por fim, a operação “Forum Avium I” revela um esforço significativo para erradicar o tráfico de animais silvestres em Fortaleza, evidenciando a importância do combate às práticas ilegais e a necessidade contínua de fiscalização em feiras livres.