Brasil, 6 de outubro de 2025
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Futebol na TV, conversas sobre 2026 e remédios: a rotina de Bolsonaro em dois meses de prisão domiciliar

Ex-presidente Jair Bolsonaro vive rotina intensa em prisão domiciliar com visitas políticas e cuidados médicos após condenação no STF.

Confinado em sua casa em um bairro de classe média alta de Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem dividido a rotina entre encontros políticos, consultas médicas e momentos de lazer diante da televisão, assistindo a jogos de futebol. No último sábado, o ex-presidente completou dois meses em prisão domiciliar, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante esse período, ele tem encontrado tempo para visitá-lo mais de trinta políticos e aliados próximos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

A agenda política e os planos para 2026

Nos últimos 60 dias, as conversas de Bolsonaro têm girado em torno do cenário eleitoral de 2026 e seus planos para reorganizar a direita no Brasil. Entre remédios espalhados pela casa e crises de soluço recorrentes, o ex-presidente tem enviado recados sobre possíveis candidaturas para o ano que vem, além de reforçar seu pedido de anistia. Antes mesmo de o Congresso aprovar a urgência do texto, Bolsonaro deixou claro que não aceita negociações que não resultem em um perdão amplo e irrestrito.

Tentativas de parte da bancada do PL ligada ao Centrão de construir uma saída intermediária — com propostas de redução da pena para dois ou três anos e manutenção do regime domiciliar — não foram bem recebidas pelo ex-presidente. A articulação no Congresso já enfrentava dificuldades e esfriou nesta semana, especialmente após a derrota da PEC da Blindagem, fazendo com que o PL da dosimetria, como foi renomeado, não encontrasse consenso.

Nas conversas, Bolsonaro também mencionou que sua esposa, Michelle, será candidata ao Senado pelo Distrito Federal, enquanto Eduardo disputará uma cadeira no Senado; Tarcísio de Freitas está livre para articular nacionalmente.

Enfrentando desafios de saúde

Além dos desafios políticos, a rotina do ex-presidente tem sido marcada por cuidados médicos. Em outubro, Bolsonaro precisou ser internado por dois dias em um hospital particular de Brasília devido a crises de soluço e refluxo que se intensificaram. Desde a leitura da sentença condenatória no STF, o receio de ser transferido para o Complexo da Papuda se tornou uma preocupação constante no seu entorno, mas a expectativa é que sua condição clínica seja usada como argumento para a manutenção do regime domiciliar.

Na última semana, o ex-mandatário quase precisou retornar ao hospital. Segundo seu médico, Cláudio Birolini, os soluços se intensificam quando ele fala por longos períodos. Sua última crise aconteceu logo após a visita de Tarcísio de Freitas, que passou pouco mais de duas horas em sua residência.

A vida dentro de casa

A rotina cotidiana de Bolsonaro se mistura a um ambiente peculiar, onde a cena política ocorre em um espaço similar a uma enfermaria. A sala, que já foi palco de transmissões ao vivo e encontros com pastores, agora exibe receitas médicas e caixas de medicamentos. Entre chás e comprimidos para controlar o refluxo, o ex-presidente recebe aliados para discutir palanques regionais e a disputa de 2026.

O tom nas visitas, no entanto, é mais contido. Os visitantes notam a dificuldade em manter longas conversas devido às crises de soluço. Além das pautas políticas, Bolsonaro tem passado boa parte do tempo assistindo televisão, alternando entre transmissões de futebol e noticiários, onde ele comenta sobre sua condenação e o futuro da direita.

Essa rotina de assistir televisão se entrelaça com pausas para medicamentos e chás, frequentemente preparados por Michelle, que controla o ritmo da casa: organiza refeições simples, controla as entradas e saídas, e interrompe encontros quando é hora de administrar a medicação ao marido.

O papel da família e do apoio político

Enquanto isso, Flávio Bolsonaro atua como um intermediário com os líderes do Congresso, transmitindo recados e monitorando negociações. Carlos Bolsonaro aparece menos, mas se alterna entre Brasília e Santa Catarina, onde deve concorrer ao Senado. Jair Renan também passa períodos junto ao pai, criando uma dinâmica familiar que se entrelaça com os assuntos políticos.

O portão preto da casa se tornou símbolo de uma constante peregrinação. Deputados, senadores, governadores e líderes partidários têm visitado o endereço, sempre com autorização do ministro Alexandre de Moraes. Michelle tem sido a responsável por organizar essas recepções.

No dia 24 de setembro, a defesa de Jair Bolsonaro protocolou um pedido para suspender a medida de prisão domiciliar, que ainda está pendente de análise por parte de Moraes. Ao longo dos últimos dois meses, os advogados orientaram Bolsonaro a evitar entrevistas, mesmo após Moraes ter autorizado o contato com alguns veículos de comunicação. Agora, a expectativa gira em torno da publicação do acórdão do julgamento, etapa necessária para que a defesa possa apresentar recursos.

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