O empresário do Distrito Federal, Fernando Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians, compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, nesta segunda-feira (6/10), para prestar esclarecimentos sobre sua suposta participação em irregularidades. Durante seu depoimento, ele negou categoricamente ser um “laranja” ou operador em qualquer esquema fraudulento que esteja sendo investigado pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto.
Contexto da investigação e depoimento
Cavalcanti está sendo ouvido na qualidade de testemunha, e sua atuação empresarial foi destacada por sua ligação com o escritório de advocacia NW, do qual foi vice-presidente, além de ter liderado uma corretora relacionada ao advogado Nelson Wilians. Este, por sua vez, está sob suspeita por movimentações financeiras incomuns, em associação com Maurício Camisotti, que é considerado um dos principais beneficiários das irregularidades envolvendo aposentadorias.
“Deixo registrado que nunca fui laranja, operador ou beneficiário de qualquer esquema. Minha atuação sempre foi de gestor. Os pagamentos por mim recebidos eram compatíveis com todas as funções que eu desempenhava com a minha vida empresarial”, defendeu-se Cavalcanti em um momento crucial de seu depoimento.
O escândalo do INSS
As peripécias e fraudes no sistema do INSS foram reveladas inicialmente pelo portal Metrópoles, que publicou uma série de reportagens a partir de dezembro de 2023. Ao longo dos meses seguintes, foi evidenciado que entidades que descontavam mensalidades de aposentados tiveram um aumento drástico em sua arrecadação, alcançando a cifra de R$ 2 bilhões em somente um ano, enquanto enfrentavam inúmeras ações judiciais devido a fraudes nas filiações de segurados.
A cobertura jornalística do Metrópoles impulsionou uma investigação formal pela Polícia Federal e incentivou ações da Controladoria-Geral da União (CGU). As evidências apresentadas, que totalizaram 38 matérias do portal, foram fundamentais para a deflagração da Operação Sem Desconto, iniciada em 23 de abril, que resultou na demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Confisco de bens e defesas de Cavalcanti
Em meio às investigações, Fernando Cavalcanti foi alvo de uma busca e apreensão realizada pela Polícia Federal em sua residência localizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, no dia 12 de setembro. Durante a operação, diversos bens de alto valor foram confiscados, incluindo uma Ferrari e uma réplica do carro de Fórmula 1 pilotado por Ayrton Senna, além de relógios de luxo e dinheiro em espécie.
O empresário assegurou que todas as propriedades foram adquiridas de forma legal e devidamente declaradas à Receita Federal. “A Ferrari é financiada, e eu ainda estarei pagando as parcelas até 2027. O valor do carro gira em torno de R$ 4,5 milhões”, explicou.
Expectativas para o futuro da investigação
Com o prosseguimento das investigações da CPMI do INSS, fica a expectativa sobre como as declarações de Cavalcanti vão impactar as apurações e a repercussão do caso na esfera política e social brasileira. A população observa atentamente, à medida que mais detalhes sobre a complexa trama envolvendo fraudes e desvios de recursos públicos estão sendo desvendados.
Mesmo diante da gravidade das alegações, o empresário firme em sua defesa promete continuar colaborando com as investigações, ressaltando seu papel como um cidadão e empresário íntegro.
O desenrolar dos eventos relacionados à CPMI do INSS e as ramificações da Operação Sem Desconto continuarão a ser um foco de atenção para a mídia e a sociedade brasileira nos próximos meses.