O Sínodo da Igreja Católica, sob a liderança do Papa Leão XIV, marca uma nova fase significativa na busca por uma Igreja mais inclusiva e diversificada. No podcast “No coração da esperança”, a gestora e docente universitária portuguesa Sofia Salgado, em entrevista, trouxe reflexões importantes sobre essa fase do processo sinodal, ressaltando a necessidade de incluir vozes que historicamente podem ter sido marginalizadas.
A sinodalidade como compromisso de inclusão
A gestora Sofia Salgado aponta que o documento “Pistas para a implementação do Sínodo”, publicado pela Secretaria Geral do Sínodo, é uma oportunidade clara de continuidade do trabalho iniciado pelo Papa Francisco. Para ela, a inclusão de diferentes vozes é um desafio fundamental. “Se nós fizermos tudo igual, não vamos esperar que as coisas se alterem”, afirma Salgado, enfatizando a importância de escutar aqueles que estão à margem da Igreja.
Segundo Salgado, o Sínodo não deve ser um processo que repita as práticas anteriores, mas deve integrar pessoas de diversas origens e perspectivas. “Temos que escutar outros e incluir aqueles que queremos na Igreja”, sublinha. Essa diversidade é vista por ela como uma riqueza que pode levar à harmonia e à paz dentro da comunidade eclesiástica.
A partilha de experiências e a colaboração
Outro ponto destacado por Sofia é a necessidade de partilhar experiências entre diferentes comunidades. Para ela, “ninguém caminha sozinho” e a partilha de iniciativas é fundamental para avançar no processo sinodal. “Podemos inspirar-nos naquilo que já foi feito e está a ser repetido”, ela afirma, sugerindo que a colaboração entre paróquias e congregações é essencial para um crescimento real e autêntico.
A gestora acredita que a construção de uma plataforma de troca de ideias pode ser um passo positivo nesse caminho. “A Rede Sinodal pode ter um papel muito importante como facilitadora dessa partilha”. Ela sugere que, com o uso da tecnologia, as comunidades podem se conectar mais facilmente, permitindo uma troca valiosa de experiências.
Expectativas para o futuro do Sínodo
Sobre as expectativas para o processo sinodal que se estenderá até 2028, Salgado expressa um otimismo fundamentado na fé. “Acredito que algo de positivo vai resultar daqui”, afirma. A gestora ressalta que um processo dessa magnitude demandará não apenas estruturas e organização, mas também espiritualidade. “A oração faz a diferença”, declara, destacando a importância do discernimento eclesial no desenvolvimento do processo.
Contudo, ela também reconhece que a resistência pode ser um desafio dentro desse percurso. “Não é surpresa ver que há quem poderia fazer mais e não faz”, reflete Sofia. Ela acredita, no entanto, que o Espírito Santo traz surpresas e iniciativas onde menos se espera, reafirmando a necessidade de permanecer aberto ao novo.
Diálogo inter-religioso como exemplo de sinodalidade
Sofia Salgado compartilha sua experiência no diálogo inter-religioso, sugerindo que essa prática se alinha com os princípios do Sínodo. “Nós não promovemos diálogo por decreto”, ela explica, sublinhando que o verdadeiro diálogo exige escuta e compreensão mútua. A gestora acredita que essa experiência pode enriquecer o processo sinodal, demonstrando que o entendimento entre diferentes grupos é possível e desejável.
O papel da estratégia na implementação do Sínodo em Portugal
Outro ponto abordado na conversa foi a proposta de uma estratégia nacional para o Sínodo em Portugal. Salgado considera que uma plataforma de partilha de experiências poderia facilitar a colaboração e a transparência entre as comunidades. “A Rede Sinodal pode ser um valioso recurso nesse sentido”, avalia, destacando que ter um espaço para discussão e troca de ideias é fundamental para o avanço do Sínodo.
Ela conclui que, ao sairmos das fronteiras diocesanas, abrimo-nos a um potencial enorme de colaboração e inovação. “Estou totalmente a favor de iniciativas que permitam esse intercâmbio”, finaliza Sofia, mostrando-se entusiasmada com o futuro do Sínodo e a capacidade da Igreja de se reconstruir e se reinventar, sempre em busca de inclusão e diversidade.
O podcast “No coração da esperança” é uma iniciativa da Rede Sinodal em Portugal que une diversas publicações para discutir questões relevantes da Igreja contemporânea. O diálogo e a reflexão proposta por Sofia Salgado são passos importantes para uma Igreja que se deseja mais representativa e inclusiva, seguindo o chamado à sinodalidade.