O clima político em Goiás e Brasília esquentou novamente com a recente controvérsia envolvendo o ministro do Turismo, Celso Sabino. Neste domingo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, anunciou que, após diálogos com o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, a sigla convocará uma reunião da Executiva Nacional na próxima quarta-feira. O objetivo é deliberar sobre a expulsão de Sabino, que causou tumulto ao adiar sua saída do cargo, mesmo com o partido decidindo abandonar a administração do presidente Lula.
A infidelidade partidária e suas consequências
De acordo com Caiado, a possível expulsão de Celso Sabino se justifica por uma suposta infidelidade ao partido. O governador destacou que a reunião também irá discutir a dissolução do diretório do União Brasil no Pará e reestruturar a presença do partido nos municípios locais. A atitude visa reforçar uma postura firme contra o governo do PT e, segundo ele, combater o que caracteriza como a “venezuelização” do Brasil.
Em suas redes sociais, Caiado expressou que é vital que o União Brasil seja dirigido por aqueles que realmente se opõem ao governo atual. “Na ocasião, também decidiremos a dissolução do Diretório do Pará, com a consequente reestruturação do partido nos municípios daquele Estado”, afirmou, ressaltando a necessidade de uma nova liderança que represente o partido de forma coerente com seus princípios.
O recuo de Celso Sabino
A situação se complicou ainda mais no último sábado, quando Celso Sabino, que havia inicialmente anunciado sua saída do governo Lula, decidiu permanecer no cargo temporariamente. Fontes próximas ao ministro revelaram que ele comunicou a aliados que sua saída não seria imediata, contradizendo seu plano anterior. Este movimento surpreendeu, pois Sabino já havia entregue uma carta de renúncia ao presidente, mas acabou atendendo ao pedido de Lula para continuar até o final da COP30 em Belém.
A demora na definição da sua permanência no ministério levou a direção do União Brasil a iniciar um processo disciplinar, cuja conclusão deve ser apresentada na quarta-feira, conforme informou o deputado Fábio Schiochet (SC), relator do caso. “O partido instaurou no dia 30 um processo disciplinar. Espero que ele tenha coerência e siga a orientação do partido”, disse o relator em entrevista ao jornal O Globo.
Olhos nas eleições de 2026
Além das questões internas do União Brasil, observadores políticos acreditam que a manobra de Sabino também pode estar ligada às eleições de 2026. O ministro, que se posiciona como pré-candidato ao Senado, estaria buscando se alavancar no cenário eleitoral. Eventos de grande visibilidade, como a COP30 e o Círio de Nazaré, o maior evento religioso do Pará, são vistos como oportunidades ideais para fortalecer sua imagem perante o eleitorado.
No Pará, o cenário político está aquecido, com o governador Helder Barbalho (MDB) emergindo como um forte candidato a uma das vagas no Senado. A segunda vaga deve ser uma disputa acirrada entre Sabino e o presidente da Assembleia Legislativa, Chicão (MDB). Portanto, a estratégia de permanecer no cargo, mesmo em meio à crise, pode ser um jogo de xadrez político em busca de conquistar apoio popular.
Próximos passos do União Brasil
Com a reunião marcada para quarta-feira, o União Brasil deve definir os próximos passos em relação a Celso Sabino e a sua estrutura interna. A expectativa é que as decisões tomadas reflitam não apenas a vontade da alta cúpula do partido, mas também as diretrizes políticas que orientam seu futuro. A expulsão de Sabino, caso confirmada, pode ainda impactar o governo de Lula e a composição ministerial ao trazer à tona uma nova configuração no Congresso.
O desenrolar dos acontecimentos nos próximos dias pode mudar o panorama político tanto em Goiás quanto em nível nacional, à medida que o União Brasil tenta alinhar suas estratégias antes das próximas eleições. A sociedade civil, por sua vez, ficará atenta às consequências dessa batalha interna em um ambiente político cada vez mais polarizado.