Brasil, 5 de outubro de 2025
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Técnica da Unesp pode ajudar a prevenir intoxicação por metanol

Pesquisadores da Unesp desenvolveram um teste rápido e barato para detectar metanol em bebidas alcoólicas, podendo salvar vidas.

Recentemente, o governo de São Paulo confirmou a segunda morte relacionada ao consumo de bebidas adulteradas com metanol, um composto químico altamente tóxico. Este aumento nos casos de intoxicação fez com que pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolvessem uma técnica inovadora que promete ser uma ferramenta eficaz na detecção de metanol em bebidas. A técnica pode se tornar essencial em um contexto em que a segurança alimentar é cada vez mais discutida.

O aumento dos casos de intoxicação por metanol

O estado de São Paulo já registrou 14 casos confirmados de intoxicação por metanol, sendo que duas dessas ocorrências resultaram em morte. Os óbitos foram registrados entre homens de 46 e 54 anos, moradores da capital, e alarmaram autoridades sanitárias que investigam mais 148 casos, incluindo sete mortes suspeitas.

A complexidade do problema se agrava pelo fato de que o metanol é incolor e tem similaridade no odor com o etanol, tornando difícil a identificação da substância em bebidas. Diante desse cenário, o governo estadual e a Polícia Civil estão apurando se as bebidas consumidas eram falsificadas, adulteradas ou se o metanol foi utilizado indevidamente durante o processo de produção.

Tecnologia inovadora da Unesp

Para ajudar a lidar com essa situação, pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Unesp em Araraquara desenvolveram, há três anos, um método simples, barato e rápido para detectar metanol. Ao contrário da cromatografia gasosa, que pode custar até R$ 500 e levar várias horas para dar resultados, este novo método oferece uma resposta instantânea em poucos minutos, sem equipamentos sofisticados.

Como funciona o teste

A técnica consiste em duas etapas: primeiro, um sal é adicionado à amostra da bebida ou combustível, convertendo o metanol em formaldeído. Então, um ácido é misturado, causando alterações na coloração da solução. Essa cor é usada para determinar se a amostra contém metanol em níveis acima do permitido. Cada tonalidade indica uma concentração diferente, permitindo que as pessoas identifiquem rapidamente a segurança do produto.

A expectativa é que esses testes sejam disponibilizados em kits acessíveis, que poderiam ser vendidos por cerca de R$ 10, tornando-se uma ferramenta prática para consumidores e revendedores. A presença de cores específicas como verde, marrom e azul-marinho pode indicar diferentes níveis de metanol, desde a ausência até uma concentração que pode ser mortal.

A importância do teste rápido

Especialistas independentes, como a professora Márcia Ângela Nori, entendem que a inovação pode ser crucial no combate à intoxicação por bebidas adulteradas. Nori observa que, dadas as complicações da falsificação de rótulos, um método de identificação rápida se torna uma importante ferramenta de proteção ao consumidor, além de potencialmente fornecer segurança a todos que consomem bebidas destiladas.

Desafios e perspectivas

Apesar do potencial promissor, ainda existem desafios a serem superados. Larissa Modesto, que liderou a pesquisa na Unesp, exemplifica a necessidade de apoio para viabilizar a comercialização da patente. Segundo a pesquisadora, já há interesse tanto do setor privado quanto do poder público, mas ainda não houve ofertas formais de licenciamento.

Medidas de tratamento e prevenção

A intoxicação por metanol pode causar danos severos à saúde, incluindo cegueira permanente e a morte. O tratamento em casos mais graves requer cuidados hospitalares, incluindo a utilização de etanol farmacêutico e, em breve, do fomaizol, um antídoto que o Ministério da Saúde do Brasil anunciou a aquisição recentemente. A esperança é que a combinação de medidas preventivas, como o uso deste novo teste, juntamente com tratamentos adequados, reduza o risco e os efeitos das intoxicações por metanol.

Com a técnica inovadora da Unesp em jogo, há uma oportunidade real de melhorar a segurança nas bebidas consumidas no Brasil e potencialmente salvar vidas em um contexto preocupante de intoxicação por metanol. O futuro da pesquisa e desenvolvimento destes kits de detecção dependerá de investimentos e do apoio necessário para levar essa tecnologia ao público.

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