Brasil, 5 de outubro de 2025
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Rússia recruta lutadores árabes com promessas de cidadania e benefícios

Com promessas atraentes, milhares de estrangeiros buscam oportunidades de emprego nas fileiras do exército russo, mas enfrentam riscos imensos.

Nos últimos anos, o cenário da guerra na Ucrânia trouxe à tona um fenômeno preocupante: a recruta de estrangeiros para lutar ao lado da Rússia, especialmente aqueles provenientes de países árabes. O apelo é claro e desafiante: inscreva-se por um ano para lutar na “zona da operação militar especial” e ganhe cidadania, assistência médica gratuita, dinheiro e até terras. Para muitos, essa se torna uma oportunidade inegável diante da falta de perspectivas em seus países de origem.

Promessas sedutoras no Telegram

A partir de 2024, uma série de anúncios e ofertas começaram a circular na plataforma de mensagens Telegram, após a decretação do presidente russo Vladimir Putin de que estrangeiros que lutassem nas fileiras do exército receberiam passaportes para si e suas famílias. Agências de viagens e corretores têm atraído indivíduos de diversas partes do mundo, vendendo uma imagem de um “batalhão internacional de elite” da Rússia, repleto de vantagens para os recrutados.

Raed Hammad, um jordano de 54 anos que antes trabalhava como motorista de táxi, viu nessa proposta a oportunidade que sempre buscou. Após completar um contrato de 17 páginas que não pôde ler, devido à falta de tradução, ele se viu em uma posição de combate em território ocupado pela Rússia no sudeste da Ucrânia. A promessa de um salário atraente e a possibilidade de cuidar de sua família levaram Hammad a esse caminho arriscado.

O dilema de Raed Hammad

Lamees Hammad, esposa de Raed, compartilhou seu desespero ao relatar que seu marido havia sido enganado quanto à natureza do trabalho. Durante uma mensagem emocional nas redes sociais, ela destacou que ele não esperava lutar na linha de frente. “Ele queria prover para nossos filhos, dar a eles o que não pôde dar no passado”, desabafou.

Após assinar o contrato, Hammad rapidamente percebeu a realidade brutal da guerra. Ele tentou rescindir o contrato após chegar ao campo de batalha, mas a resposta foi um pedido exorbitante de compensação para poder voltar. “Se um fuzil é apontado para o rosto dele, ele não consegue nem correr”, declarou Lamees, refletindo sobre o tratamento desumano que muitos soldados estrangeiros enfrentam.

A atração por promessas financeiras

Estima-se que milhares de estrangeiros, em sua maioria oriundos de países em desenvolvimento como Egito, Iémen e Jordânia, se alistaram nas tropas russas em busca de uma vida melhor. Oferecendo bonificações generosas e salários mensais que podem variar de US$ 2.500 a US$ 3.500, esses contratos tornam-se irresistíveis em países onde o salário médio mal ultrapassa os US$ 300. Além disso, a promessa de cidadania imediata e assistência para suas famílias cria um atrativo ainda maior.

No entanto, a falta de informação verídica sobre os riscos e a verdadeira natureza do serviço militar gera preocupações. Muitos dos recrutados vêm à Rússia como estudantes ou turistas, e são incentivados a se alistar sem uma compreensão clara do que a guerra implica.

Recrutamento e desinformação

A influência de canais no Telegram é significativa, com muitos deles reunindo dezenas de milhares de inscritos. Os anúncios em árabe elogiam as vitórias do exército russo e retratam um futuro brilhante para os novos recrutas, que muitas vezes acabam em situações de vida ou morte.

Enquanto isso, representantes do governo da Jordânia demonstram preocupação com os cidadãos que se alistam, mas enfrentam dificuldades para repatriá-los uma vez que os contratos são firmados. A esposa de Hammad apelou ao governo jordano para intervir, mas as respostas são escassas.

“As pessoas precisam saber o que está em jogo. Se elas tomarem esse caminho, estão indo para a morte”, alertou Lamees, compartilhando sua angustiante experiência.

À medida que a guerra na Ucrânia continua, a realidade dos recrutamentos estrangeiros levanta questões éticas e humanitárias profundas, revelando como a busca por oportunidades pode se transformar em um pesadelo mortal nas frentes de batalha.

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