A Polícia Militar da Bahia (PMBA) entra para a história ao nomear a tenente-coronela Maria Teixeira como a primeira mulher a assumir o comando do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM) em Serrinha, na região sisaleira. A posse aconteceu na última quarta-feira (1º) e representa um marco significativo para a instituição e para as conquistas femininas no âmbito da segurança pública.
Trajetória de pioneirismo
Maria Teixeira, natural de Riachão do Jacuípe, iniciou sua trajetória na PM em 1995, quando foi inscrita por uma amiga em um concurso, enquanto cursava Biologia na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). O que iniciou como uma oportunidade de carreira rapidamente se transformou em uma verdadeira vocação. Ela lembra: “No início, enxerguei o concurso como uma chance sólida de ingressar no mercado de trabalho. Mas, à medida que fui conhecendo a rotina e a missão da Polícia Militar, nasceu um sentimento de encantamento e orgulho”.
Após dois anos, Maria foi aprovada no Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e formou-se em 2001 como tenente. Desde então, sua carreira tem sido marcada por conquistas pioneiras, incluindo o comando de batalhões operacionais nas regiões Leste e da Chapada da Bahia.
Respeito e igualdade na corporação
Embora a estrutura militar seja tradicionalmente dominada por homens, Maria Teixeira afirma que sempre foi respeitada na PMBA. “A primeira turma feminina ingressou em 1990, e eu tive a honra de fazer parte da segunda turma, em 1995. Desde o início, fomos treinadas para exercer as mesmas funções que os homens, com muito preparo técnico. Por isso, acredito que liderança e gestão não são questões de gênero, mas de competência”, ressalta.
Hoje, a presença feminina na PMBA é mais forte do que nunca, com várias mulheres ocupando posições de liderança. A tenente-coronela é uma das vozes que defendem a importância de se reconhecer e valorizar o trabalho das mulheres na segurança pública.
Formação e conquistas
A tenente-coronela não apenas tem uma considerável experiência prática, mas também um vasto conhecimento acadêmico. É bacharela em Segurança Pública e em Direito, além de detentora de três especializações e um Mestrado em Segurança Pública, Justiça e Cidadania pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ao longo da carreira, Maria produziu diversos estudos sobre questões sociais como meio ambiente, tráfico de pessoas e violência contra a mulher.
No campo operacional, sua atuação é igualmente impressionante, com vários cargos estratégicos ao longo de sua trajetória, além de condecorações como a Medalha Valor de Tropa e o Mérito Marechal Argolo Visconde de Itaparica.
Vida pessoal e novos desafios
Maria Teixeira é casada com o tenente-coronel Antonio Fernando Teixeira da Silva e mãe de um jovem de 17 anos. Conciliar a vida profissional com a família é uma tarefa que ela abraça com dedicação. No cargo de comandante do 16º BPM, que abrange 18 municípios da região sisaleira, Maria expressa seu orgulho e compromisso em fortalecer laços com a comunidade e no combate às organizações criminosas.
“Sinto-me imensamente feliz e orgulhosa por fazer parte desse marco histórico. Minhas expectativas são de integração com os demais órgãos de defesa social, fortalecimento dos laços com a comunidade e firme enfrentamento às organizações criminosas”, afirma Maria Teixeira.
O caminho até o comando
Antes de assumir o 16º BPM, Maria Teixeira ocupou diversas funções de destaque, incluindo:
- Chefe da Corregedoria Setorial do 4º BPM (Alagoinhas)
- Chefe da Seção de Tecnologia e Ensino do Colégio da Polícia Militar Dendezeiros (Salvador)
- Chefe da Corregedoria, Comunicação Social e Ouvidoria do Batalhão de Polícia Rodoviária
- Subcomandante da 90ª Companhia Independente da Polícia Militar (Riachão do Jacuípe)
- Comandante da mesma unidade por cinco anos e meio
- Coordenadora Operacional do 16º Batalhão da Polícia Militar (Serrinha)
Agora, como a primeira mulher a comandar um batalhão na região do Sisal, Maria Teixeira não apenas quebra barreiras, mas também inspira futuras gerações a serem líderes competentes na segurança pública.
