Em uma celebração significativa na Praça São Pedro, o Papa Francisco presidiu a Missa do Jubileu dos Migrantes e dos Missionários no último domingo, 5 de outubro. Em sua homilia, o Pontífice fez um apelo contundente à solidariedade, afirmando que “aqueles barcos que esperam avistar um porto seguro não podem e não devem encontrar a frieza da indiferença ou o estigma da discriminação”. A mensagem foi recebida com entusiasmo por milhares de peregrinos que, mesmo sob a chuva, compareceram à liturgia.
A união da missão e acolhida
A celebração ocorreu durante o XXVII Domingo do Tempo Comum, ressaltando a conexão vital entre a missão da Igreja e a acolhida que deve ser oferecida a todos. O Papa fez questão de mencionar: “Estamos aqui porque, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro, cada um de nós deve poder dizer com alegria: toda a Igreja é missionária”. Essa declaração ecoa a ideia central de que a evangelização não se limita a ações distantes, mas deve se manifestar na vida cotidiana, onde os fiéis são chamados a tocar o sofrimento do próximo.
Durante o sermão, o Papa Francisco destacou a urgência da missão: “É urgente que a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repulsa e sem medo”. Essa afirmação enfatiza a necessidade de uma Igreja que dialogue com o mundo contemporâneo, especialmente nos contextos mais vulneráveis.
O clamor dos migrantes
No discurso, o Papa comentou sobre o sofrimento enfrentado pelos migrantes, muitas vezes submetidos a viagens perigosas em busca de segurança e dignidade. Ele refletiu sobre as palavras do profeta Habacuque, que clamou por ajuda sem receber resposta, reconhecendo a dor e a angústia que permeiam a experiência humana, especialmente entre aqueles que buscam abrigo. “Este grito de dor é uma forma de oração que permeia toda a Escritura”, disse ele, sublinhando que, mesmo em momentos de aparente silêncio de Deus, a fé é uma fonte de esperança.
O Papa também exortou a não discriminação, afirmando que as pessoas em busca de refúgio não devem ser recebidas com indiferença. “Os seus olhos cheios de angústia e esperança que procuram terra firme onde desembarcar não podem e não devem encontrar a frieza da indiferença”, acrescentou.
Compromissos missionários
Leão XIV reforçou a importância de dois compromissos missionários fundamentais: a cooperação missionária e a vocação missionária. Ele pediu para que não apenas a Igreja como instituição se comprometa com a acolhida, mas também cada fiel seja agente de transformação em sua comunidade.
Uma nova era para a missão
Ao final da homilia, o Papa convocou todos a um novo impulso missionário, enfatizando que a Igreja deve estar atenta às realidades locais e culturais, respeitando as tradições e buscando agregar ao que é positivo em cada contexto. “Todo missionário que parte para outras terras é chamado a habitar as culturas que encontra com sagrado respeito”, disse, alertando para a necessidade de um olhar atento e respeitoso.
Deus e a salvaguarda do povo
O Pontífice concluiu sua mensagem com uma saudação especial aos migrantes: “Sejam sempre bem-vindos! Os mares e desertos que atravessaram são lugares de salvação, onde Deus se fez presente para salvar o seu povo”. Ele pediu que a intercessão de Maria sustente a Igreja na construção de um Reino de amor, justiça e paz.
Com a presença de aproximadamente 30 mil fiéis, a celebração foi uma demonstração de como a missão vai muito além das palavras, exigindo ações práticas e o compromisso de todos na construção de um futuro mais digno e igualitário para os migrantes. O Jubileu dos Migrantes e dos Missionários, assim, se tornou um poderoso símbolo de esperança e renovação para a Igreja e para a sociedade. Este evento, apesar das intempéries, nos lembra da necessidade de uma compreensão humana, solidária e acolhedora em uma era de crescente movimentação populacional e crises humanitárias.
Mais detalhes sobre o evento podem ser encontrados no site do Vatican News.