O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou um sinal de recuperação em sua popularidade após os resultados de pesquisas de opinião que rebatem a fase difícil enfrentada no primeiro semestre deste ano. A menos de um ano da eleição, marcada para 4 de outubro de 2026, Lula ainda apresenta números inferiores à média de presidentes que se reelegeram ou conseguiram eleger sucessores, embora esteja em uma posição mais favorável em comparação a outros ex-presidentes, como Jair Bolsonaro, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso.
A trajetória de popularidade de Lula
Atualmente, Lula se encontra em uma situação similar ao seu pior momento de popularidade durante os primeiros mandatos, logo após o escândalo do mensalão, mas com a diferença de que ele tem mostrado uma capacidade de resiliência. Analistas acreditam que é comum para presidentes verem uma melhora em sua aprovação à medida que se aproxima o período eleitoral, quando as campanhas começam, permitindo que os incumbentes apresentem suas realizações aos eleitores.
O contexto econômico e as expectativas para 2026
Começo do ano foi marcado por uma queda na popularidade de Lula devido à inflação elevada nos alimentos e à crise do Pix. Contudo, fatores internos, como a desaceleração da inflação e o arrefecimento no preço dos alimentos, ajudaram a retomar a confiança do governo. Especialistas ressaltam que a expectativa de que a Selic cairá possa trazer um otimismo econômico, o que, por sua vez, pode estimular a aprovação popular.
Medidas para a classe baixa e média
Nos últimos meses, o governo Lula tem trabalhado em várias iniciativas voltadas para a população de baixa renda, como medidas assistenciais para a compra de gás e consumo de energia elétrica. Além disso, uma isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, uma promessa de campanha, pode se tornar uma bandeira significativa para o governo, destacando a busca de Lula por gerar benefícios concretos antes das eleições.
Comparações históricas com outros presidentes
A trajetória de Lula é emblemática, já que ele foi o único presidente na Nova República a conseguir se reeleger mesmo em um momento de prevalência da desaprovação. Em setembro de 2005, após a revelação do mensalão, Lula registrou 49% de desaprovação, apesar de, na época, a margem de erro ter apontado um empate técnico. Recentemente, os dados mostram um panorama semelhante, com 51% de desaprovação e 44% de aprovação, significando um saldo negativo de sete pontos, conforme o Ipsos-Ipec.
Ao lembrar de sua campanha em 2006, quando conseguiu recuperar sua popularidade a partir da melhora da economia, o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda aponta que o crescimento do PIB e a percepção positiva dos eleitores se tornaram fatores essenciais para a reeleição de um presidente. Já para 2026, as expectativas de crescimento econômico são moderadas, mas um eventual anúncio de redução da Selic pode criar um “fator de bem-estar” entre os cidadãos.
Números e perspectivas nas pesquisas
As últimas pesquisas eleitorais demonstram um quadro misto para Lula. Embora o Ipsos-Ipec tenha identificado alguns dos piores índices de aprovação, outros institutos, como o Ipespe, já registraram uma ligeira recuperação, com a aprovação alcançando 50%, superando levemente a desaprovação. Além disso, o Datafolha e a Quaest também observaram um empate entre aprovação e desaprovação, evidenciando a polarização que permeia o cenário político brasileiro.
Desafios rumo à reeleição
Apesar da recuperação percebida, a história mostra que muitos presidentes que encontraram dificuldades a um ano das eleições não conseguiram garantir sua vitória. O caso de Bolsonaro é emblemático: com 68% de desaprovação em setembro de 2021, o então presidente ainda conseguiu se tornar competitivo nas eleições, mas acabou derrotado por Lula por uma margem estreita.
Assim, conforme Lula se aproxima da corrida eleitoral de 2026, sua capacidade de navegar por esses desafios e aumentar sua popularidade será crucial para determinar sua reeleição. Com o cenário em constante mudança e uma economia que se apresenta como um fator decisivo, as próximas ações do governo serão cada vez mais observadas pela população e especialistas.