Brasil, 5 de outubro de 2025
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Linhas de ônibus de Fortaleza retornam após suspensão que afetou 9 mil passageiros

Após suspensão de 25 linhas de ônibus em Fortaleza, serviço volta a circular, mas desafios para atrair passageiros continuam.

No dia 29 de setembro, Fortaleza enfrentou uma importante crise no transporte público após a suspensão repentina de 25 linhas de ônibus, impactando cerca de 9 mil passageiros. O episódio evidencia a situação precária que o sistema de transporte enfrenta na capital cearense, onde a queda no número de usuários e a deterioração da frota têm se tornado uma preocupação constante. Neste contexto, é crucial examinar os desafios que cercam a sustentabilidade do transporte público na cidade.

A crise do transporte público em Fortaleza

A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) revela que desde 2015, o número de passageiros nos ônibus caiu drasticamente, com uma redução de 51%. A frota, que contava com cerca de 1.800 veículos, agora opera com apenas 1.282. Essa queda acentuada se reflete na saúde financeira das empresas de transporte, que enfrentam um déficit mensal aproximado de R$ 9 milhões. Essa realidade vem levando ao fechamento de várias companhias, colocando uma pressão adicional sobre as que ainda estão em operação.

Além disso, apenas 72% da atual frota é equipada com ar-condicionado, um aspecto que a Prefeitura se comprometeu a melhorar. A crise no transporte público se agrava a cada dia, e soluções são urgentemente necessárias para garantir que os cidadãos voltem a utilizar os ônibus como meio de locomoção principal.

Desafios para recuperar a confiança dos usuários

Para efetivamente recuperar a confiança dos passageiros e atrair novos usuários, o transporte público em Fortaleza certamente precisa focar em três pontos principais: conforto, segurança e rapidez. Mário Azevedo, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), enfatiza que o transporte coletivo é vital para a mobilidade urbana eficiente. Ele argumenta que a operação de um ônibus transporta muitas pessoas, reduzindo, assim, a quantidade de veículos nas ruas e, por consequência, a poluição.

Além do compromisso em manter a utilização do transporte público, é fundamental abordar a percepção de segurança que os usuários têm ao utilizar os ônibus. A violência urbana tem sido um fator relevante que leva muitos a optarem por alternativas mais caras, como corridas de aplicativos. Segundo Narcisio Santos do Movimento Organizado de Busólogos do Ceará, o medo de assaltos é um fator que preocupa muitos passageiros neste cenário, o que acarreta na devida evasão das linhas de ônibus.

Consequências da pandemia e comportamento de mobilidade urbana

A pandemia de Covid-19 trouxe alterações significativas no comportamento das pessoas em relação ao transporte, e após esse período de isolamento, a utilização dos ônibus não voltou ao nível anterior. As estatísticas indicam que em 2015, a média diária de passageiros era de 1,07 milhão, enquanto em 2025, esse número caiu para 520 mil. A falta de passageiros levou as empresas a reduzir o número de veículos em operação, criando um ciclo vicioso que dificulta a recuperação do sistema.

Com o número reduzido de ônibus, o intervalo entre as viagens aumentou, o que desencoraja ainda mais os possíveis usuários. A experiência de muitos passageiros que agora precisam esperar até 40 minutos por um ônibus está gerando insatisfação e fazendo com que mais pessoas optem por veículos particulares.

Perspectivas para o futuro do transporte público em Fortaleza

As medidas necessárias para enfrentar os desafios mencionados devem incluir, segundo Mário Azevedo, um investimento contínuo na infraestrutura do transporte público, como a renovação da frota e a criação de corredores exclusivos para os ônibus. Esse tipo de investimento pode, efetivamente, melhorar o tempo de viagem e a confiabilidade do sistema.

O professor Mário ainda sugere que a comunidade se envolva no processo de feedback, utilizando os canais disponíveis para comunicar falhas e sugestões. Um sistema colaborativo entre os usuários e a administração do transporte público pode gerar melhorias significativas.

Narcisio Santos também destaca que o incentivo ao uso de integrações, como o Bilhete Único, poderia maximizar a eficiência no uso do transporte, além de manter um foco na renovação da frota, cuja idade média atualmente é de 7,9 anos. Com uma situação financeira desafiadora, é essencial que tanto as autoridades quanto os cidadãos se unam para reverter essa crise e garantir um transporte público eficiente e seguro em Fortaleza.

A situação do transporte público em Fortaleza é uma amostra clara dos desafios que as cidades modernas enfrentam. O comprometimento das autoridades e a ativa participação da população são passos cruciais para restaurar e melhorar o sistema de transporte público, garantindo que ele continue a atender as necessidades da população de forma eficaz e segura.

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