A disputa interna na federação União Progressista explodiu neste domingo (5/10) com troca de farpas entre o governador Ronaldo Caiado (União-GO) e o presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI). A troca de acusações veio à tona em um momento em que ambos os políticos buscam consolidar suas posições para as eleições presidenciais de 2026.
Conflito de interesses e ambições pessoais
Pré-candidato à Presidência em 2026, o goiano Caiado acusou Ciro Nogueira de tentar forçar um apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), afirmando que há interesses pessoais em jogo, já que Nogueira deseja ser o vice em uma eventual chapa com Freitas. O governador não poupou críticas e definiu a ansiedade de Nogueira como “vergonhosa”.
“A ansiedade de Ciro Nogueira em se colocar como candidato a vice-presidente do governador Tarcísio é vergonhosa, e algo tão gritante que ele já se coloca como porta-voz do presidente Bolsonaro, o que ele não é”, afirmou Caiado em uma postagem no X, antigo Twitter.
Em resposta, Nogueira, que já foi ministro da Casa Civil de Bolsonaro, se defendeu em entrevista ao jornal O Globo, onde declarou que Bolsonaro só teria duas opções: apoiar Tarcísio de Freitas ou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Tensão na busca por apoio de Bolsonaro
O governador de Goiás comentou ainda que Ciro está tentando decidir por Bolsonaro quais deveriam ser os candidatos a presidente, ressaltando a falta de uma posição clara do ex-presidente, que atualmente enfrenta problemas legais que o tornam inelegível até 2030.
“Fica visível que Ciro tenta decidir por Bolsonaro quais deveriam ser os candidatos a presidente, colocando Tarcísio como preferido e o governador Ratinho como reserva”, criticou Caiado, enquanto Ciro enfatizou as limitações de suas opções, uma vez que a escolha de um sucessor para Bolsonaro é essencial para a continuidade de sua influência no cenário político brasileiro.
A corrida presidencial de 2026
Atualmente, Tarcísio de Freitas está em uma situação delicada, tendo recuado em seus planos de concorrer à Presidência e optado por uma reeleição em São Paulo após uma série de contratempos. Com isso, o cenário fica aberto para os outros pré-candidatos, incluindo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e os governadores Romeu Zema (Novo-MG) e Eduardo Leite (PSD-RS).
Caiado, que apresenta uma alta taxa de aprovação em Goiás, de 88% nos últimos três anos, desafiou Nogueira ao lembrar que a trajetória política deste último está longe de ser exemplar. “Ciro Nogueira não tem forças sequer para se reeleger senador no seu estado, o nosso querido Piauí”, declarou Caiado, reafirmando sua própria relevância eleitoral.
Desdobramentos na aliança entre partidos
A federação entre União Brasil e PP parece ter transformado Caiado e Nogueira em quase colegas de partido, mas as divergências em suas visões e estratégias estão cada vez mais evidentes. O trabalho conjunto deveria focar em criar uma identidade ideológica que poderia fortalecer a direita frente ao PT nas próximas eleições.
Uma federação conturbada
O acordo para a federação entre os dois partidos ocorreu no ambiente de esforços para solidificar uma identidade eleitoral comum, buscando um candidato forte que possa desafiar o atual governo. No entanto, as intrigas internas e a luta por liderança estão ameaçando essa aliança.
Conclusão: O futuro do União Progressista
Os desentendimentos entre Caiado e Nogueira refletem um clima de incerteza e rivalidade dentro da União Progressista, que pode impactar não apenas as candidaturas individuais, mas também a estratégia conjunta para as eleições de 2026. Assim, o que antes parecia uma colaboração promissora está se deteriorando em um campo minado de disputas pessoais e políticas.
As tensões entre os dois políticos evidenciam como interesses pessoais e ambições políticas podem influenciar diretamente o futuro eleitoral de aliados e adversários, colocando em risco a unidade necessária para um forte bloco de direita nas próximas eleições. A expectativa é que essa disputa interna se intensifique nos próximos meses, à medida que a corrida presidencial se aproxima.