Brasil, 5 de outubro de 2025
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Crise cambial na Argentina leva a forte fluxo de compras no Chile

Argentinos atravessam a fronteira em busca de produtos importados, agravando crise cambial e reforçando a supervalorização do peso

O fortalecimento do peso argentino, impulsionado por políticas econômicas de Javier Milei, tem provocado uma explosão nas compras no Chile, especialmente em Santiago. Milhares de argentinos cruzam diariamente a fronteira em busca de produtos importados mais baratos, impactando diretamente as reservas internacionais do país e agravando a crise cambial. A situação reflete uma estratégia de compra que, apesar de gerar multas e reações oficiais, demonstra o descontentamento e as dificuldades econômicas enfrentadas pelos argentinos.

Compras impulsionadas pelo frenesi cambial

Segundo relatos de moradores de Santiago, lojas de moda, eletrônicos e supermercados vivem um movimento intenso de consumidores argentinos. De acordo com dados do processador de pagamentos Transbank, as transações com cartões argentinos aumentaram 438% neste ano na capital chilena, evidenciando um crescimento de 150% em relação a 2023. Muitos argentinos aproveitam o câmbio favorável e a menor tarifa de tarifas, que chega a quase 30 pontos percentuais a menos do que na Argentina, para adquirir tênis, roupas e eletrônicos.

Impacto na economia argentina

Esse cenário tem causado prejuízos às reservas de moeda forte do governo Milei, que tenta conter a fuga de dólares por meio de intervenções cambiais, vendendo a moeda para tentar estabilizar o peso. Contudo, a continuidade das compras no Chile, junto à supervalorização do peso em relação ao dólar — estimada entre 20% e 30% por analistas —, reforça a crise cambial. A estratégia de Milei de manter o peso estável visa conter a inflação e sinalizar estabilidade, mas enfrenta resistência por parte da circulação de dólares no mercado paralelo.

Repressão às compras e o mercado informal

As autoridades argentinas começaram a reprimir o aumento excessivo de compras transfronteiriças, intensificando fiscalizações nas fronteiras com o Chile. Malas e porta-malas abertos, além de multas para quem traz valores acima de US$ 300, são exemplos das ações recentes. Ainda assim, muitos argentinos consideram que, apesar das penalidades, comprar no Chile continua mais barato do que na própria Argentina, levando ao surgimento de uma indústria artesanal de grupos organizados, passeios exclusivos e personal shoppers.

Gabriel Damiani, um jovem que há meses investe na prática, afirma que o mercado de compras no Chile é atual uma grande oportunidade, embora tenha receio de uma eventual desvalorização abrupta do peso, o que poderia colocar fim ao boom de consumo repentinamente. A situação é tal que algumas lojas chilenas chegaram a isentar clientes argentinos da regra de inserir um número de identidade ao fazer compras online, diante da enorme demanda.

Incertezas e perspectivas futuras

Especialistas alertam que o atual diferencial cambial e a supervalorização do peso podem levar a uma crise ainda mais aguda, com uma provável pressão inflacionária e perda de confiança dos investidores. A proximidade das eleições legislativas de outubro aumenta a instabilidade, já que o governo Milei luta para manter o dólar sob controle e evitar uma desvalorização rápida que poderia terrivelmente agravar a crise cambial.

Enquanto o cenário econômico argentino se desenha turbulento, as compras no Chile continuam a migrar de uma estratégia de economia para uma questão de sobrevivência econômica para muitos argentinos, evidenciando as dificuldades do momento. A questão central permanece: até que ponto o conflito cambial poderá se agravar e quais medidas serão tomadas para garantir estabilidade às reservas de moeda forte do país?

Fonte: O Globo

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