Na eleição realizada neste sábado (4), Sanae Takaichi, líder do Partido Liberal Democrata (LDP), conquistou a vitória e se prepara para se tornar a primeira mulher a liderar o Japão, uma das democracias mais antigas do mundo. Com 64 anos, Takaichi recebeu 185 dos 341 votos da legenda, e sua vitória abre possibilidades de avanços na política de gênero no país, considerado o mais atrasado do G7 nessa área.
Desafios e expectativas para a liderança de Takaichi
A primeira mulher a assumir o cargo de chefe do governo japonês enfrenta uma trajetória marcada por conservadorismo e complexidades políticas. Após a renúncia de Shigeru Ishiba, que liderou o partido até recentemente, Takaichi deve assumir após uma votação em breve pelo parlamento. Sua vitória ocorre em meio a uma crise política, com o LDP, anteriormente dominante, operando agora sob um governo minoritário, após perdas eleitorais atribuídas a escândalos e insatisfação popular.
Impacto na política de gênero e perspectiva para o futuro
Apesar da conquista histórica, especialistas avaliam que a elevação de Takaichi não garante avanços rápidos para mulheres japonesas. Ela é conhecida por suas posições de direita, conservadoras e por uma postura que “se comporta como homens”, além de não possuir um histórico favorável à defesa de políticas de empoderamento feminino.
Segundo Jeff Kingston, professor de estudos asiáticos e história na Temple University, “ela não tem um histórico positivo em questões de gênero, políticas familiares ou empoderamento das mulheres”. Sua postura reflete uma ênfase conservadora em valores familiares e sociais tradicionais, o que pode dificultar reformas mais progressistas.
Contexto de desigualdade de gênero no Japão
O Japão ocupa a 118ª colocação entre 148 países no relatório de 2025 do Fórum Econômico Mundial sobre a disparidade de gênero, uma das piores posições entre as economias do G7. A baixa participação feminina na política é um reflexo desse cenário, que deve permanecer desafiante mesmo com a chegada de uma mulher ao cargo máximo.
Analistas também destacam o impacto simbólico de Takaichi, que pode inspirar mais mulheres a participarem mais ativamente da política, ainda que obstáculos culturais e estruturais persistam. A expectativa é que sua gestão traga debates sobre reformas sociais e políticas de inclusão.
Próximos passos e perspectivas
Após a eleição, a trajetória de Takaichi ainda depende da aprovação no parlamento, onde enfrentará a resistência de partidos de oposição e o contexto de crise. Sua administração tem potencial de influenciar a pauta de questões de gênero, mas a mudança real exigirá ações concretas em leis, educação e cultura.
O futuro da política de gênero no Japão, portanto, passa pelo equilíbrio entre a coragem de Takaichi de romper com tradições e os obstáculos culturais que ainda permeiam a sociedade japonesa.