Brasil, 4 de outubro de 2025
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O clima tenso na divisão de receitas no futebol brasileiro

A discussão sobre a distribuição de recursos no futebol brasileiro ganha novos contornos com o Flamengo à frente do debate.

Um dos mais antigos e infinitos debates do futebol brasileiro se reiniciou esta semana. Ele pode ser resumido numa pergunta: como dividir a torta? O clima de tensão foi impulsionado pelo Flamengo, que entrou em choque com seus sócios na Libra — a liga que negociou coletivamente os direitos de transmissão do Brasileirão até 2029. O tema em discussão vai além das cifras: trata-se de como os clubes veem seu próprio valor dentro da competição e o que consideram justo em termos de receitas.

O embate do Flamengo na divisão de receitas

O Flamengo acredita que merece mais recursos do que os outros clubes, alegando que tem uma base de torcedores maior, o que gera mais audiência e, consequentemente, mais valor à competição. A introdução da Lei do Mandante trouxe um novo panorama para os clubes, garantindo que cada um detenha 50% das receitas de suas partidas em casa. Contudo, os outros 50% advêm de diversas fontes, como patrocínios e bilheteiras, assegurando que clubes com maiores torcidas arrecadam mais. Nesse contexto, a transmissão dos direitos de TV parece ser uma das únicas formas de divisão igualitária, já que todos participam da mesma “torta”.

A questão da justiça na divisão de receitas

Isso levanta algumas questões relevantes: é justo que um clube ganhe significativamente mais do que os outros? Se for, qual deve ser o modelo correto de divisão em uma venda coletiva? Essas disputas reavivam a ideia de se os clubes deveriam seguir o exemplo das ligas esportivas americanas, que adotam um modelo de divisão igualitária. A busca pelo equilíbrio competitivo é uma premissa conhecida nessas ligas, onde regras como o teto salarial e o recrutamento universitário visam favorecer times com menos recursos, promovendo um jogo mais justo.

A realidade do futebol fora dos EUA

O cenário do futebol fora dos EUA, em contraste, apresenta uma estrutura diferente. Embora a audiência seja aceita como um critério de divisão entre os clubes, não há consensus sobre os parâmetros a serem utilizados, semelhantes a sócios discutindo em uma empresa. Essa falta de acordo gera um impasse que impede o crescimento da liga brasileira enquanto unidade, e, consequentemente, dos clubes individualmente.

A complexidade do mercado atual

O contexto atual é cada vez mais complexo e envolve não apenas os clubes, mas também empresas de mídia e as chamadas Big Techs. A equação é cheia de variáveis, que incluem aquisição de clientes, relevância e modelos de remuneração diversos. Um exemplo disso é o contrato que a MLS, liga de futebol dos EUA, fez com a Apple TV por uma década, avaliado em US$ 2,5 bilhões, optando por poucas transmissões em TVs pagas. Apesar da queda na audiência, a liga demonstra satisfação com o acordo, mirando no longo prazo.

O futuro da exploração dos direitos de TV

Embora não haja restrições para que os clubes voltem à venda individual de seus direitos de TV ou explorem suas próprias plataformas, a dúvida persiste: será que terão capacidade de expandir suas receitas e manter a relevância em um mundo tão fragmentado? São questionamentos legítimos enquanto a liga enfrenta estes desafios e busca alternativas viáveis. Um administrador de futebol local me questionou recentemente: por que os clubes brasileiros não simplificam e seguem o modelo bem-sucedido da Premier League?

O debate acerca da divisão de receitas no futebol brasileiro reflete a complexidade e a certeza de mudanças que ainda estão por vir. Enquanto os clubes brigam por uma fórmula que pareça justa e que maximize seus retornos, o futuro do nosso futebol continua incerto, mas cheio de possibilidades.

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