Em meio à escalada de casos de intoxicação por metanol, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou, neste sábado (4/10), que a população evite o consumo de bebidas destiladas, principalmente aquelas que são vendidas em garrafas com lacre de rosca. A orientação se dá após o escalonamento dos casos suspeitos e confirmados de intoxicação em diversos estados brasileiros.
Alertas e orientação ministerial
Durante uma entrevista coletiva em Teresina, no Piauí, Padilha enfatizou a importância de precauções quando se trata de bebidas alcoólicas. “Estamos falando de um produto de lazer, não um item essencial da cesta básica. Se é um produto de lazer, evite um risco como esse no seu momento de descontração”, destacou. O ministro declarou que, até o momento, a presença de metanol foi identificada exclusivamente em bebidas engarrafadas com lacre de rosca, sem qualquer confirmação naquelas embaladas em latinhas, que são mais difíceis de adulterar.
Apesar da identificação, Padilha alertou o público a evitar qualquer tipo de destilado até que as investigações sobre as intoxicações estejam concluídas. As investigações estão sendo conduzidas pela Polícia Federal e por forças de segurança estaduais e municipais.
Casos de intoxicação por metanol no Brasil
O Ministério da Saúde informou que o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol aumentou para 127. Contudo, Padilha esclareceu que não houve um aumento nos casos confirmados em laboratório, mas sim um aumento nas suspeitas clínicas, com 11 casos sendo confirmados oficialmente até o momento. Do total, 12 estados notificaram ao Ministério da Saúde pelo menos um caso suspeito. Infelizmente, foi registrada uma morte em decorrência dessa intoxicação.
Os perigos do metanol
O metanol é uma substância altamente tóxica, utilizada na indústria como solvente e na produção de combustíveis, tintas e plásticos. Devido ao seu custo mais baixo, ele é muitas vezes utilizado ilegalmente no lugar do etanol em bebidas alcoólicas, representando assim um grande risco à saúde. A ingestão desse composto pode levar à formação de substâncias tóxicas dentro do organismo, que atacam o sistema nervoso central, podendo causar cegueira, falências múltiplas de órgãos e até mesmo a morte, mesmo em pequenas doses.
Medidas do governo para o tratamento
O governo federal, diante da crescente preocupação com os casos de intoxicação, anunciou a renovação do estoque de antídotos para tratar a intoxicação por metanol. Foram adquiridas 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2.500 tratamentos do fármaco conhecido como Fomepizol. Essa aquisição visa garantir que o Brasil tenha os antídotos necessários para tratar casos de intoxicação, fundamental para proteger a saúde pública.
Segundo Padilha, o Ministério da Saúde já havia adquirido previamente 4.300 ampolas de etanol farmacêutico para formação de um estoque estratégico em hospitais universitários, e a nova compra visa ampliar esse arsenal. “Quero informar aqui que o Ministério da Saúde já fez a aquisição de 2.500 tratamentos do Fomepizol junto ao primeiro produtor internacional, uma empresa japonesa”, declarou o ministro.
Lista de farmácias para manipulação
Além das aquisições de antídotos, Padilha informou que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já repassou aos estados e municípios uma lista com 609 farmácias de manipulação aptas a fabricar etanol farmacêutico, o que representa um importante avanço no enfrentamento ao problema de intoxicação por metanol no país.
À medida que as investigações prosseguem e as autoridades se esforçam para proteger a saúde pública, a mensagem mais importante permanece clara: a população deve estar atenta e evitar produtos líquidos que possam representar riscos, priorizando sempre a segurança em suas escolhas. O cenário atual nos lembra da importância de se manter vigilante em relação ao que consumimos, especialmente em tempos de incerteza e risco.