Recentemente, o Rio de Janeiro teve seus alarmes acionados com o surgimento de mensagens nas redes sociais que alertam sobre possíveis intoxicações por metanol em bebidas alcoólicas. Desde a emergência dos casos em São Paulo, onde várias pessoas foram hospitalizadas, rumores começaram a circular pela internet sobre supostos incidentes na capital carioca. No entanto, até a última sexta-feira, dia 3, nenhuma confirmação oficial de intoxicação por metanol foi registrada no estado, segundo informações de autoridades de saúde.
Mensagens alarmantes geram confusão
O g1 entrou em contato com as secretarias de Saúde municipal e estadual, além de hospitais particulares em busca de informações sobre esses casos. As respostas foram unânimes: não havia registros de intoxicações por metanol no Rio. As mensagens que circulam nas redes sociais frequentemente mencionam os mesmos relatos sobre homens e mulheres que frequentaram o Baixo Gávea, especialmente, e que teriam ficado cegos após o consumo de bebidas alcoólicas. Sem confirmação, a equipe do g1 não conseguiu encontrar os supostos intoxicados ou seus familiares durante as investigações.
Algumas pessoas que publicaram os relatos não responderam aos pedidos de contato, e outras não puderam ser identificadas. Entre os poucos que se pronunciaram, muitos desmentiram as histórias, afirmando que a causa de sua enfermidade era outra, como uma simples gastroenterite. Uma médica que tentou confirmar um relato recebeu a informação de que a história foi distorcida ao associar a mal-estar ao metanol.
O que é o metanol e por que é perigoso?
O metanol é um tipo de álcool usado industrialmente em solventes e produtos químicos e é altamente tóxico quando ingerido. Sua ação no organismo começa pelo fígado, que o metaboliza em substâncias nocivas que afetam a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo resultar em cegueira, coma e até morte. O metanol também pode causar falências nos sistemas pulmonares e renais.
Uma das mensagens alarmantes que circula em redes sociais menciona um suposto caso de um paciente internado no hospital Américas Medical City, afirmando que ele estaria cego. Contudo, em contato com a unidade, o hospital negou que tal paciente tenham chegado ao seu atendimento. Sem registros de intoxicações, as autoridades de saúde reforçam a importância de denunciar casos suspeitos.
Fiscalização e resposta dos estabelecimentos
A disseminação dessas mensagens causou um aumento nas fiscalizações da Vigilância Sanitária. Vários estabelecimentos de bebidas foram vistoriados, e amostras de produtos com rotulagem inadequada foram coletadas. Porém, até agora, a presença de metanol não foi detectada. Bares como o Brewteco divulgaram comunicados reafirmando a segurança dos seus produtos, assegurando que suas bebidas são de fornecedores regulamentados. O Bosque Bar, por sua vez, também publicou um termo de fiscalização, garantindo a qualidade e procedência do que oferecem aos seus clientes.
Além dos estabelecimentos, algumas casas utilizam essa oportunidade para tranquilizar os consumidores. Por exemplo, a Destilaria Maravilha destacou seu controle rigoroso sobre a produção de suas bebidas, que segue todas as normas do Ministério da Agricultura. O Culto, localizado em Botafogo, comunicou aos seus clientes que suas bebidas não são “batizadas”, oferecendo assim uma dose dupla nas quintas-feiras.
Orientações sobre o tratamento de intoxicação por metanol
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro aconselha que, em caso de suspeita de intoxicação, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde imediatamente. Quanto mais cedo o atendimento for iniciado, maiores as chances de recuperar-se totalmente. O tratamento pode incluir a administração de antídotos específicos/medicamentos, sempre sob supervisão médica.
O governo do estado criou uma “sala de situação” para coordenar as ações em saúde relacionadas a possíveis intoxicações por metanol, designando o Instituto Estadual São Sebastião, localizado na Gamboa, como referência para atender casos que surjam no estado. A secretária de Saúde, Cláudia Mello, ressaltou a importância de estar atento aos sintomas, que podem incluir visão turva e desconforto gástrico, manifestando-se entre 12 e 24 horas após a ingestão.
Em resumo, embora os rumores sobre intoxicações por metanol estejam cercados de ansiedade e especulação, as autoridades de saúde reiteram a ausência de registros confirmados e orientam a população a se manter informada e cautelosa.
