A Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou nesta sexta-feira (3) que está em curso uma investigação sobre o Hospital Salgado Filho, localizado no Méier. O motivo da investigação são relatos de mortes que não foram comunicadas adequadamente às autoridades. O delegado Luiz Jorge Rodrigues, responsável pela 23ª DP (Méier), revelou que a apuração começou no final de abril, após um relatório do Instituto Médico-Legal (IML) indicar um padrão preocupante: corpos sendo remetidos para a perícia com grandes intervalos entre a data do óbito e o pedido de exame.
Descoberta estarrecedora no hospital
Durante diligências realizadas na unidade de saúde nesta sexta-feira, a equipe da polícia encontrou vários corpos, sendo que alguns estavam em estado avançado de decomposição. Mais alarmante ainda, um dos corpos estava na sala do hospital desde 25 de dezembro do ano anterior, sem que qualquer comunicação formal sobre a morte tivesse sido feita às autoridades.
Em entrevista, o delegado afirmou que “infelizmente constatamos corpos com fungos, em decomposição, um deles em estado avançado de putrefação, sem ter feito a comunicação. Ou seja, os cadáveres foram vilipendiados, não há mais condição de fazer perícia neles.” Este achado gerou grande preocupação, levantando questões sobre a integridade do processo de notificação de óbitos dentro do hospital.
Crimes em investigação
As investigações se concentram em possíveis crimes, como vilipêndio de cadáver e fraude processual. Até o momento, a maioria dos óbitos reportados tem como causa acidentes de trânsito, e entre as vítimas há casos de pessoas registradas como desaparecidas em suas respectivas famílias.
A delegacia recebeu 10 comunicações de guias de corpos com evidências de atraso na notificação às autoridades competentes. Este esboço de negligência e má gestão no hospital motiva uma análise mais profunda dos procedimentos de triagem e comunicação interna da unidade de saúde.
A posição da Secretaria de Saúde
Em resposta às alegações da polícia, o secretário de Saúde Daniel Soranz se manifestou, afirmando que as informações sobre a existência de 10 ou mais corpos deixados no Hospital Salgado Filho são exageradas. Ele garantiu que, atualmente, existem apenas dois corpos na instituição: um aguardando identificação e outro esperando a remoção para o Instituto Médico-Legal.
Impacto na sociedade
A gravidade da situação levanta uma série de questões sobre a responsabilidade dos hospitais e a necessidade de prestação de contas em relação aos óbitos. A população merece garantias de que seus entes queridos recebam o devido respeito, mesmo após a morte. O descaso, evidenciado por corpos deixados sem a devida notificação, aponta para uma falha grave no sistema de Saúde, que deve ser rigorosamente investigada.
Enquanto as investigações prosseguem, a comunidade aguarda respostas sobre a eficiência dos procedimentos do Hospital Salgado Filho e a correta comunicação de óbitos. A situação serve como um alerta e um convite à reflexão sobre a necessidade de protocolos eficazes que garantam a dignidade e o respeito aos falecidos e suas famílias.
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