Um triste relato de um casal de Teresina mobilizou a opinião pública e chamou a atenção das autoridades para um suposto caso de negligência médica. Vicente de Paula, motoboy, e a estudante Jardyla Viana, tiveram seu bebê declarado morto antes do parto devido a complicações no atendimento na Maternidade do Buenos Aires, localizada na Zona Norte da capital piauiense. A situação gerou indignação e um clamor por respostas, enquanto a Fundação Municipal de Saúde (FMS) anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o ocorrido.
O relato da mãe
Jardyla, que estava grávida de oito meses, procurou a maternidade na noite do dia 19 de setembro, sentindo fortes dores. Segundo o relato da mãe, uma enfermeira reagiu de forma ríspida e pediu que ela esperasse a chegada do médico. “O bebê ainda se mexia”, lembrou Jardyla, que se sentia angustiada e ignorada. As dores eram intensas, e ela caprichou nos detalhes ao relatar o atendimento recebido: “O médico duvidou das minhas dores e perguntou por que eu não conseguia deitar na maca”.
Após a realização de um exame de toque, Jardyla foi transferida para a enfermaria, onde aguardava a transferência para a Maternidade Dona Evangelina Rosa. Ela também mencionou o tratamento hostil de uma enfermeira, que expressou estar estressada por não conseguir encontrar a veia da paciente para realizar o procedimento necessário.
Após longas horas de espera, finalmente foi possível ouvir os batimentos cardíacos do bebê. No entanto, a transferência para a outra maternidade só aconteceu na manhã do dia 20. Ao chegar à Maternidade Dona Evangelina Rosa, a triste realidade se confirmou: o bebê já não estava mais vivo.
Reações e pedidos de justiça
O pai do bebê, Vicente, compartilhou sua revolta em um vídeo nas redes sociais, clamando por justiça e denunciando o atendimento inadequado que sua namorada recebeu. “Isso é um hospital, era para ela ser bem recebida. O que aconteceu aqui eu não desejo para ninguém”, afirmou Vicente, fazendo ecoar o sentimento de muitas famílias que, em momentos de vulnerabilidade, confiam a vida e a saúde de seus entes queridos aos serviços de saúde.
O Prefeito de Teresina, Silvio Mendes, também se manifestou, comentando a publicação do casal e demonstrando o compromisso da gestão em apurar a situação. A sequência de eventos gerou uma onda de empatia nas redes sociais, onde muitas pessoas expressaram seus sentimentos e solidariedade ao casal.
A resposta da Fundação Municipal de Saúde
Em nota, a Fundação Municipal de Saúde expressou seu pesar pela perda enfrentada pela família e ressaltou que foi instaurada uma sindicância interna para apuração rigorosa dos fatos. A FMS informou que todos os procedimentos adotados e as condutas dos profissionais envolvidos serão devidamente analisados, visando à responsabilização e melhorias nos serviços.
Como parte do acolhimento institucional, o diretor geral da unidade de saúde visitou a residência da família, oferecendo apoio e disponibilizando-se para esclarecimentos adicionais. A FMS reafirmou seu compromisso com a qualidade dos serviços e a segurança dos pacientes, bem como a sensibilidade que a situação demanda.
Reflexão sobre o atendimento médico
A situação em questão traz à tona um tema delicado: a importância do atendimento humanizado nas maternidades e hospitais. Casos como este são lembretes tristes da fragilidade da vida e da necessidade de um suporte efetivo nas horas mais críticas. O relato de Jardyla e Vicente é um apelo para que as instituições de saúde repensem suas práticas e abracem a empatia, garantindo que nenhum outro casal enfrente uma dor semelhante.
Em meio à tragédia, a força do casal e seu desejo por justiça e melhorias nos serviços de saúde podem, quem sabe, desencadear um movimento transformador nas práticas de atendimento médico em Teresina e além. Assim, a história deles pode não só servir de alerta, mas também de inspiração para a mudança que tanto se faz necessária.
Para mais informações sobre o caso e atualizações futuras, fique atento ao canal do g1 Piauí e às redes sociais da Fundação Municipal de Saúde.