Lançada em 3 de outubro, The New Force traz para o público uma narrativa fictícia ambientada na Stockholm de 1958, destacando a luta das primeiras policiais mulheres na Suécia. A série retrata detalhes históricos e sociais da época, quando a presença feminina no corpo policial ainda era considerada inovadora e muitas vezes desrespeitada.
A história real das primeiras policiais mulheres na Suécia
De acordo com especialistas, a origem da participação feminina na polícia sueca remonta a 1908, quando Stockholm contratou suas primeiras “polissystre” — mulheres encarregadas de atividades relacionadas a mulheres, crianças e suspeitas femininas. Entre elas, destacaram-se Agda Halldin, Maria Andersson e Erica Ström. Essas pioneiras tinham funções limitadas, muitas vezes provenientes de formações na área de enfermagem ou assistência social.
Segundo o historiador Johan Svensson, da Universidade de Estocolmo, “elaborar as tarefas das primeiras policiais mulheres foi um passo importante, embora a sociedade e a própria força policial ainda as vissem como apoio, não como integrantes plenas do serviço”.
Expansão e reconhecimento do papel feminino na polícia
Ao longo das décadas, a atuação feminina na polícia se expandiu lentamente. Em 1930, suas responsabilidades aumentaram para incluir investigações de delitos sexuais, buscas em residências femininas e participação em interrogatórios de suspeitas, além de outras tarefas relacionadas a casos envolvendo sexualidade e moralidade.
Em 1944, elas passaram a receber treinamento formal nas delegacias e, em 1949, puderam ingressar na academia de polícia, sendo oficialmente reconhecidas como policiais em 1954, com a extinção do título “polissyster”. Apesar do avanço simbólico, suas funções permaneciam restritas, voltadas principalmente a investigação de casos envolvendo mulheres e crianças.
Contexto social e resistência às mudanças
O período retratado na série foi marcado por resistências e estereótipos enraizados. Como explica a pesquisadora Ana López, da Fundação Carlsen, “as mulheres enfrentavam preconceitos sólidos, eram ridicularizadas pela mídia e considerados inferiores pelos colegas homens”. As protagonistas precisavam lidar não só com o trabalho policial, mas também com o machismo vigente na sociedade sueca da década de 1950.
Impacto e legado na atualidade
Hoje, a Suécia é referência na igualdade de gênero nas forças de segurança, resultado de uma trajetória construída ao longo de décadas. A série da Netflix, mesmo sendo ficcional, ressalta esse marco importante na história do país, revelando o esforço de várias gerações por inclusão e reconhecimento.
Segundo a especialista Ingrid Johansson, da Polícia Sueca, “a narrativa ajuda a entender os desafios enfrentados por essas mulheres e a valorizar o caminho percorrido para chegarmos até aqui”.
Perspectivas futuras
A produção gera reflexões sobre o papel da mulher na força policial, incentivando debates sobre igualdade e representationemente na contemporaneidade. A série também reforça a importância de valorizar os processos históricos que muitas vezes ficam à margem da memória coletiva.