O número de garrafas apreendidas em São Paulo e na região metropolitana durante as operações de fiscalização após os alarmantes casos de intoxicação por metanol subiu para 1.002 nesta quinta-feira (2). As bebidas foram recolhidas e estão passando por análises técnicas no Núcleo de Química da Polícia Civil, revelando uma situação preocupante que envolve a saúde pública no estado.
Operações de fiscalização intensificadas
Na última quinta-feira, foram apreendidas 60 garrafas de vodca em um estabelecimento localizado em M’Boi Mirim, na Zona Sul da capital. Essas bebidas pertencem ao mesmo lote já identificado e apreendido em uma distribuidora em Barueri, na Grande São Paulo, um dia antes. O local, que não teve o nome revelado, foi interditado pelas autoridades devido a várias irregularidades, incluindo a presença de roedores e alimentos vencidos.
Até agora, o estado de São Paulo registrou 11 casos confirmados de intoxicação por metanol, além de 41 casos que ainda estão sob investigação. Nesta semana, sete bares e distribuidoras foram fechados como parte das operações integradas para combater a venda de bebidas adulteradas.
Conhecendo os riscos do metanol
O metanol é uma substância extremamente tóxica, cuja ingestão pode levar a consequências graves, como cegueira permanente e até a morte. De acordo com o Ministério da Saúde, houveram 59 notificações de intoxicação por metanol em todo o Brasil até esta quinta-feira, com 53 delas oriundas de São Paulo. O governo tem se mobilizado para criar um estoque de etanol farmacêutico nos hospitais federais como uma medida de emergência.
Entre as ações de combate à intoxicação por metanol, o governo disponibilizou laboratórios em Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto para realizar análises de sangue e urina, com resultados disponíveis em até uma hora.
Casos impactantes
Dentre os casos registrados de intoxicação, destaca-se a situação de Rafael Anjos Martins, de 28 anos, que após ingerir gin adulterado, encontra-se em coma e internado na UTI. Seus amigos também apresentaram sintomas, sinalizando a gravidade da situação. Outro caso é o de Radharani Domingos, que perdeu a visão após consumir caipirinhas em um bar em São Paulo. Radharani, que passou por convulsões e intubação, ainda aguarda a recuperação da visão.
Na Grande São Paulo, Bruna Araújo de Souza, de 30 anos, foi internada em estado grave após consumir vodca em um bar. Sua condição se agravou rapidamente, levando à necessidade de entubação. A gravidade dos sintomas e a falta de transparência na origem das bebidas levantam preocupações sobre a segurança das opções adquiridas por consumidores.
Criando um gabinete de crise
Em resposta à crise, um gabinete de crise foi instituído para coordenar ações entre as secretarias da Saúde, Segurança Pública, Fazenda e Justiça. As medidas incluem a suspensão das inscrições estaduais dos estabelecimentos interditados, impedindo-os de comprar ou vender bebidas.
As recomendações à população incluem a atenção redobrada à procedência das bebidas consumidas e a busca imediata por assistência médica em caso de sintomas relacionados ao metanol. A situação permanece dinâmica, com ações de fiscalização sendo constantemente realizadas a fim de proteger a saúde pública.
A luta contra a comercialização de bebidas adulteradas está longe de terminar, e as autoridades continuam vigilantes. A prevenção e a informação são essenciais para evitar novas tragédias e garantir a segurança dos consumidores em São Paulo e em todo o Brasil.