Na próxima semana, diversos indicadores econômicos serão divulgados, tendo grande impacto na projeção das políticas monetárias do Banco Central e na direção dos mercados. Com a paralisação do governo dos Estados Unidos, muitos desses dados, incluindo o relatório de emprego, não serão publicados, aumentando a incerteza sobre o cenário internacional.
Segunda-feira – Balança comercial de setembro
Segundo a Macro 4intelligence, após o forte resultado em agosto, a expectativa é de um saldo mais moderado em setembro, com exportações de US$ 30,3 bilhões, alta de 6,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, e importações de US$ 27,4 bilhões, aumento de 17,2%, impulsionado, principalmente, pela compra de uma plataforma de petróleo. Já André Galhardo, da Análise Econômica, alerta que o menor superávit deve ser o menor para setembro em uma década, devido à queda dos preços internacionais das commodities.
Além disso, a expectativa é de que o avanço na margem seja sustentado por altas no IPA Agropecuário e no IPC-BR, com itens como café, mamão, laranja, bovinos e suínos em destaque. Para o consumidor, o aumento da energia elétrica, passagens aéreas e transporte pesa na balança, enquanto o IPA Industrial deve refletir a retração nos preços do petróleo e gás natural.
Quarta-feira – Ata do Federal Reserve e perspectiva de cortes de juros
Segundo Galhardo, a ata do Federal Reserve deve abrir espaço para novos cortes nas taxas de juros, apoiando-se nos sinais de arrefecimento do mercado de trabalho e da atividade econômica. Em relatório, o Bradesco destaca que o documento irá acrescentar elementos às recentes declarações do colegiado, sobretudo em um momento em que a retomada do ciclo de cortes de juros está em foco, apesar do risco de impacto negativo da paralisação do governo dos EUA na atividade econômica.
A Macro 4intelligence projeta uma inflação de 0,5% em setembro, influenciada pela redução no impacto do bônus de Itaipu, menor queda nos preços de alimentos e automóveis, além do aumento nos combustíveis. Mesmo assim, Galhardo acredita que a inflação deverá fechar o ano próximo de 5,25%, com fatores transitórios, como a redução da bandeira tarifária de energia elétrica, contribuindo para a desaceleração dos preços.
Perspectivas futuras e impacto na política monetária
Com a divulgação da ata do Fed e os dados do comércio externo, o cenário para o Banco Central brasileiro se torna mais claro, reforçando a expectativa de que o Banco poderá manter a política de juros elevados por mais tempo. Os analistas avaliam que a desaceleração do índice de preços, aliada ao avanço nas margens de atuação da autoridade monetária, aumenta as chances de o IPCA fechar o ano dentro da meta, que é de 3,25% ao ano.
O próximo relatório de inflação e os indicadores de atividade econômica, junto às ações do Federal Reserve, serão deliberados pela equipe do Banco Central na semana seguinte, orientando uma política de juros que busca equilibrar crescimento econômico e controle da inflação, mesmo em contexto de instabilidade global.
Para acompanhar esses movimentos, o mercado estará de olho também em eventuais ajustes nas tarifas de energia e na evolução dos preços de bens de consumo, que podem afetar a trajetória inflacionária futura.
Fonte: O Globo