O ronco dos motores ecoa a partir de hoje no circuito de Marina Bay, em Cingapura, para a 18ª etapa da Fórmula 1 (F1). No entanto, a atenção do público não será exclusiva para estrelas como Oscar Piastri, Lando Norris e Max Verstappen. Carros guiados por jovens pilotos mulheres também vão ocupar as pistas na penúltima etapa da F1 Academy, uma categoria exclusivamente feminina que está em sua terceira temporada. Neste fim de semana, as competidoras definem a classificação para as emocionantes corridas de sábado e domingo.
A disputa acirrada pela liderança da F1 Academy
A corrida pelo título desta temporada está emocionante. A francesa Doriane Pin, da Prema Racing e apoiada pela Mercedes, lidera com 127 pontos, seguida pela holandesa Maya Weug, da Ferrari, com 107 pontos, e pela americana Chloe Chambers, que soma 93 pontos. A última etapa acontecerá em Las Vegas no fim de novembro, e a expectativa é grande para ver quem sairá como campeã da temporada.
Retorno das mulheres à Fórmula 1
A luta pela conquista do título é parte de um sonho maior. Susie Wolff, diretora da F1 Academy e uma das pioneiras no automobilismo, deseja ver uma mulher novamente ocupando um cockpit da Fórmula 1. A última ocorrência foi em 1992, com Giovanna Amati, que, infelizmente, não conseguiu se classificar em suas tentativas. Ao longo das últimas três décadas, poucas mulheres tiveram a chance de competir, mas a F1 Academy surge como uma esperança para mudar essa realidade.
O programa oferece às jovens pilotos visibilidade e experiência, além de pontos fundamentais para obter a Superlicença da FIA, necessária para competir na Fórmula 1. “A F1 Academy não apenas cria oportunidades, mas também serve como base para outras competições formadoras”, explica Wolff.
A realidade das mulheres no automobilismo brasileiro
O Brasil também está bem representado na F1 Academy. A brasileira Rafaela Ferreira, de 20 anos, é uma estreante que já mostrou seu valor na pista. Atualmente, ela ocupa a 11ª posição no campeonato, somando 13 pontos. Para ela, ter a oportunidade de competir em alto nível é uma realização. “Meu maior sonho é vencer uma corrida, levantar a bandeira do Brasil e poder viver do automobilismo”, diz Rafaela, que começou sua jornada no kart influenciada pelo pai.
Rafaela foi a primeira mulher a vencer uma corrida de Fórmula 4 no Brasil, um feito que a coloca como exemplo para outras jovens pilotos. “É muito gratificante ver a Rafaela na F1 Academy. Acredito que mais meninas deveriam começar no kart para que possamos ter mais representantes no topo”, afirma Thiago Meneghel, dono da equipe TMG e funcionário da piloto Bia Figueiredo.
Desafios enfrentados por Rafaela e outras piloto
Apesar das conquistas, o caminho ainda é repleto de desafios. Em 2023, apenas 4% dos pilotos profissionais no Brasil eram mulheres, um número que, embora tenha aumentado, ainda está longe do ideal. Para Rachel Loh, engenheira e parte da Comissão Feminina de Automobilismo da Confederação Brasileira de Atletismo, é crucial promover iniciativas que incentivem a participação feminina no automobilismo.
“Realizamos seletivas de kart, estágios em equipes de ponta e oferecemos experiências na Fórmula E e na Fórmula 1. O reconhecimento e as oportunidades estão aumentando, e competentes não têm gênero,” afirma Rachel.
A importância da visibilidade no automobilismo
A visibilidade proporciona oportunidades. No ano passado, Rafaela recebeu um convite da Red Bull para testes na Racing Bulls após passar por uma seletiva na Inglaterra. “Quando recebi o e-mail, não acreditei que fosse real. Fiquei muito grata pela oportunidade de fazer parte desse time,” lembra a jovem piloto, que admitiu ter dificuldades de adaptação devido ao tempo limitado para treinar.
Rafaela teve a chance de viver o dia a dia dos pilotos da F1 nas etapas que se sobrepunham com a categoria feminina, absorvendo experiências valiosas que a preparam para o futuro. “Acredito que, em cinco ou dez anos, teremos uma mulher pilotando na Fórmula 1. Espero poder estar lá, fazendo parte dessa história,” projeta Rafaela com um brilho nos olhos.
A história da F1 Academy e das mulheres no automobilismo mostra que há um longo caminho a ser percorrido, mas também é um testemunho de persistência, ambição e a luta por igualdade, que continua a abrir novas possibilidades para as próximas gerações de pilotos.