Brasil, 3 de outubro de 2025
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Exportação de alumínio no Brasil cresce 150%, mas enfrenta crise de resíduos

Apesar de reciclar quase 100% das latinhas, Brasil exporta cada vez mais sucata, prejudicando sua indústria de reciclagem e consumo interno

O Brasil lidera mundialmente na reciclagem de latinhas de alumínio, atingindo quase 100% de coleta. No entanto, a forte exportação da sucata tem gerado um paradoxo: o país precisa importar resíduos para manter sua indústria de reciclagem, mesmo sendo uma grande exportadora.

O crescimento da exportação e a escassez de resíduos no Brasil

Nos últimos dois anos, a exportação brasileira de alumínio aumentou aproximadamente 150%, com a venda para países como China, Coreia do Sul, Índia e Estados Unidos, que utilizam o material na indústria de transportes e construção civil. Alfredo Veiga, vice-presidente de Metal da Novelis América do Sul, destaca que o excesso de exportação prejudica a produção local. “A sucata que geramos aqui não é suficiente para a indústria, e precisamos importá-la para manter a produção de reciclados”, explica Veiga em entrevista exclusiva ao portal iG Economia.

Por que o Brasil é tão desejado no mercado internacional de alumínio?

Segundo Veiga, o Brasil possui uma das mais altas taxas de reciclagem de latinhas no mundo. “Reciclamos quase 100% das latinhas, enquanto nos EUA essa taxa é de 43%, com o resto indo para os aterros. Nosso alumínio de baixa pegada de carbono é altamente valorizado, especialmente por conta da matriz energética limpa do país”, explica.

Ele ressalta que o alumínio reciclado tem grande demanda internacional por ser mais barato e emitir cerca de 95% menos carbono comparado ao alumínio primário. Os principais compradores, como China, Coreia do Sul, Índia e Estados Unidos, utilizam o material na indústria de transporte e construção.

O impacto da exportação de sucata de alumínio na indústria brasileira

Apesar do grande volume de reciclagem, a exportação contínua da sucata afetou a disponibilidade de resíduos para a indústria nacional, que consome cerca de 1,9 milhão de toneladas de alumínio por ano, quase 60% dessa quantidade derivada de material reciclado. Veiga aponta que essa situação leva o país a perder competitividade no mercado interno.

Tecnologia e recuperação de resíduos no Brasil

Para solucionar o problema, a indústria busca diversificar a sucata e investir em tecnologia de ponta. Uma inovação da Novelis envolve processos de separação que garantem aproveitamento integral dos materiais, sem resíduos, reduzindo o impacto ambiental. Segundo Veiga, essa tecnologia possibilita que tudo seja reaproveitado, promovendo uma cadeia de reciclagem mais sustentável.

Perspectivas futuras e o papel do governo

A discussão sobre priorizar o consumo de resíduos nacionais antes da exportação é uma das propostas em andamento. Veiga afirma que a Novelis e outras empresas defendem que o material reciclado seja oferecido primeiramente à indústria nacional, fortalecendo o desenvolvimento sustentável do país.

O executivo ainda reforça a importância de uma política mais rígida quanto à exportação de sucata de alumínio, a fim de preservar recursos internos e ampliar a competitividade do mercado brasileiro de reciclagem. “Estamos trabalhando junto ao governo para que essa cadeia seja mais estruturada e sustentável”, conclui.

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