A guerra na Ucrânia, que se intensificou com a invasão russa em 2022, deixou profundas marcas não apenas na população, mas também no riquíssimo patrimônio cultural do país. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Cultura e Comunicações Estratégicas da Ucrânia, nada menos que 1.599 sítios de patrimônio cultural e 2.415 instalações de infraestrutura cultural foram danificadas ou destruídas até o dia 2 de outubro de 2025. Essa devastação representa uma perda irreparável para a herança cultural e histórica da nação.
Impacto severo nas diferentes regiões da Ucrânia
As consequências da guerra são particularmente alarmantes nas regiões de Donetsk, Kharkiv, Kherson, Kiev, Sumy e Mykolaiv. O impacto severo é visível em dados alarmantes: 341 sítios danificados em Kharkiv, 293 em Kherson, 182 em Odessa, 173 em Donetsk e 154 na cidade e região de Kiev. O ministério registrou que quase todas as regiões ucranianas foram afetadas, mas algumas comunidades sofreram prejuízos mais significativos.
A destruição inclui uma variedade impressionante de instituições culturais, que vão desde 1.175 centros culturais e clubes, 848 bibliotecas, até 184 instituições de ensino artístico, 133 museus e galerias, 50 teatros, cinemas e filarmônicas. Além disso, a destruição se estende a nove reservas naturais, 11 parques e zoológicos e até quatro circos. Esses números destacam não apenas a perda física de estruturas, mas também o desmantelamento de identidades culturais e sociais.
A proteção do patrimônio cultural sob risco
Segundo o Ministério, a situação é ainda mais complicada pelas áreas sob ocupação russa, onde a avaliação dos danos é quase impossível. A região de Luhansk, por exemplo, ainda vive sob controle das forças russas, o que impede não apenas o acesso, mas também a documentação das perdas que ali ocorrem.
Iniciativas de proteção no patrimônio cultural
O “Escudo Azul” em Sumy
O chefe da Administração Militar Regional de Sumy, Oleh Hryhorov, destacou que 173 marcações foram instaladas em 52 locais, incluindo estruturas arquitetônicas e museus. Ele afirmou que “Sumy foi a primeira porque somos uma cidade fronteiriça que sofre bombardeios diários”. O objetivo é proteger e sensibilizar sobre a importância desses locais que representam a história e identidade do povo ucraniano.
Kyrylo Kobtsev, representante do departamento de proteção do patrimônio cultural das Forças Armadas, reforçou que essa marcação é um passo essencial na aplicação da Convenção de Haia. Os monumentos agora possuem um emblema em forma de “Escudo Azul”, que confere proteção a essas estruturas. A colaboração entre as Forças Armadas e a Administração Militar Regional reflete um esforço significativo para salvaguardar a herança cultural da Ucrânia em um momento de crise.
Conclusão
A destruição do patrimônio cultural na Ucrânia é uma tragédia que transcende as perdas físicas e materiais. Ela simboliza um ataque à identidade e à história de uma nação. As iniciativas como a marcação com o “Escudo Azul” são vitais, mas a proteção efetiva do patrimônio cultural requer o reconhecimento internacional e o comprometimento de todos os países para garantir que a cultura não seja um dos muitos sacrifícios da guerra. À medida que a situação continua a evoluir, é imperativo que o mundo permaneça atento e disposto a apoiar a preservação de um legado cultural que é um tesouro compartilhado da humanidade.
*Com informações de Ukrinform.