O Aeroporto Internacional Tom Jobim, conhecido como Galeão, está vivenciando uma transformação impressionante. De janeiro a julho de 2025, o terminal carioca recebeu cerca de 9,7 milhões de passageiros, evidenciando um crescimento de 49,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Este aumento significativo pode consolidar o Galeão como um dos principais aeroportos do Brasil, superando os 14 milhões de passageiros do ano passado, que já haviam batido recordes.
Crescimento notável em comparação com outros aeroportos
O crescimento do Galeão é ainda mais marcante quando comparado a outros aeroportos do país. Atualmente, é o terceiro maior aeroporto do Brasil, atrás apenas de Guarulhos e Congonhas, que registraram aumentos menores de 8,3% e 14,1%, respectivamente. Ao todo, os aeroportos brasileiros transportaram 73,4 milhões de passageiros até julho, um incremento de 9,6% em relação ao ano anterior.
Nos últimos meses, o Galeão passou por uma revigorante mudança de estratégia. No último dia 25 de setembro, foi assinado um termo aditivo entre o governo federal, a Prefeitura do Rio e a concessionária RIOgaleão, com o objetivo de modernizar a gestão do terminal e aprimorar os serviços, preparando-o para um leilão previsto até março de 2026.
Uma nova era desencadeada por novas políticas
O desempenho do Galeão é fruto de uma série de ações estratégicas, incluindo a limitação do número de passageiros no Santos Dumont, que normalmente recebe um fluxo significativo de viajantes. Essa decisão, ocorrida sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, teve como objetivo realocar parte da demanda para o Galeão, revitalizando a importância deste aeroporto no sistema aeroportuário da região. Em 2024, com um teto anual fixado em 6,5 milhões de passageiros para o Santos Dumont, observou-se um ligeiro aumento na movimentação do Galeão.
Na prática, esse ajuste no fluxo de passageiros tem surtido efeito, com a RIOgaleão reportando voos para 26 destinos domésticos e 27 internacionais, além da possibilidade de conexões para até mil destinos no exterior. A Gol, Azul e Latam também relataram aumentos significativos no número de voos e passageiros no Galeão, com a Gol registrando um aumento de 32% nas decolagens no primeiro semestre de 2025.
Desafios e oportunidades
Contudo, a trajetória de recuperação e crescimento do Galeão não foi isenta de desafios. Anteriormente, o aeroporto era considerado um “elefante branco” devido à baixa movimentação e à concorrência do Santos Dumont, que, por estar mais próximo do centro da cidade, atraía a maior parte dos passageiros. Outros obstáculos incluem questões de segurança e acessibilidade, que ainda enfrentam críticas por parte dos usuários.
Uma das passageiras, Júlia Giordani Vasconcelos, expressou sua insatisfação em relação ao deslocamento para o Galeão, que fica mais distante de sua residência e, segundo ela, apresenta problemas de segurança na Linha Vermelha. Embora reconheça as melhorias no terminal, como menos filas e mais organização, ela ainda prefere voar a partir do Santos Dumont.
A Prefeitura do Rio, por sua vez, defende as melhorias no acesso ao Galeão, como a inauguração do Terminal Intermodal Gentileza e a expansão do BRT, que facilitam a conexão ao aeroporto. Além disso, o governo estadual afirma que a segurança na região está sendo reforçada, com patrulhamento constante e medidas de segurança implementadas nas contigências do aeroporto.
O futuro do Galeão
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, enfatizou a necessidade de uma gestão robusta para garantir que o Galeão mantenha sua trajetória de crescimento. Especialistas em aviação, como Renan Melo e Jeanine Pires, concordam que o aeroporto tem um potencial significativo de absorver mais rotas internacionais, o que poderia diversificar o fluxo de passageiros e melhorar ainda mais sua posição no cenário nacional.
Apesar das incertezas econômicas e os desafios da aviação brasileira, há um sentimento otimista em relação ao futuro do Galeão. O compromisso contínuo com investimentos e a modernização do terminal são fundamentais para garantir que o aeroporto se torne um hub competitivo na América do Sul.
Com a combinação de políticas governamentais eficazes e o esforço da iniciativa privada, o Aeroporto Internacional Tom Jobim parece estar se reerguendo, tentando transformar sua imagem de “aeroporto fantasma” para um centro vibrante que impulsiona o turismo e a economia do Rio de Janeiro.
