Na quarta-feira, a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que Lisa Cook pode permanecer no cargo de diretora do Federal Reserve, pelo menos até que seu processo contra o ex-presidente Donald Trump seja resolvido. A disputa judicial reacende debates sobre a autonomia do banco central, uma peça fundamental na estabilidade econômica americana.
Decisão parcial e o futuro da independência do Fed
A ordem da Suprema Corte, de apenas duas frases e sem assinatura, não representa uma vitória definitiva para o Fed. A corte optou por esperar a análise completa do caso em janeiro, deixando no ar a questão sobre o controle político sobre uma das instituições mais independentes do país, que regula a política monetária.
Contexto do conflito
Trump tentou destituir Cook, acusando-a de fraude hipotecária — alegações consideradas frágeis e não comprovadas pela própria diretora. Segundo ela, o processo foi um movimento político, já que a Lei do Federal Reserve de 1913 impede a demissão sem justa causa, protegendo o banco de interferências indevidas.
Especialistas alertam que o episódio tem implicações de longo prazo. “A decisão de hoje é um alívio temporário, mas o risco à independência do Fed ainda existe”, explicou Peter Conti-Brown, especialista em governança do Fed na Universidade da Pensilvânia. “A administração Trump buscou usar o Judiciário para ampliar seu controle sobre o banco central”, completou.
Implicações políticas e o controle sobre o Fed
Trump, que tentou há meses aumentar sua influência no conselho do Fed, já conseguiu nomear um membro provisório e busca consolidar majoritariamente a sua posição até o fim do mandato de Jerome Powell, em maio, e além. Caso a Suprema Corte decida favoravelmente ao ex-presidente, haverá maior abertura para candidatos alinhados à sua postura, potencialmente afetando as taxas de juros e a política econômica do país.
Reação da comunidade financeira
Recentemente, ex-presidentes do Fed e renomados economistas criticaram a tentativa de alterar a autonomia da instituição. Uma petição à corte argumenta que a influência política sobre o Fed prejudicaria sua credibilidade e eficácia — um princípio defendido por Kenneth Rogoff, economista de Harvard, que considerou a decisão de manutenção de Cook “a correta para a democracia americana”.
Perspectivas futuras e o impacto na política monetária
Se a Suprema Corte favorecer Trump nas próximas análises, a possibilidade de demitir dirigentes do Fed aumentará significativamente, permitindo que o presidente escolha sucessores com forte alinhamento político. Isso pode alterar o rumo da política de taxas de juros, afetando mercados e a confiança na administração econômica do país.
Para especialistas como Maurice Obstfeld, ex-economista do FMI, uma mudança nesse equilíbrio poderia modificar o sistema de nomeação e recondução de dirigentes do banco central, influenciando o desempenho de suas políticas ao longo dos anos.
Enquanto o processo legal prossegue, a questão da independência do Fed continua sendo central no debate sobre o papel do banco central na democracia americana. Sua autonomia é vista como essencial para manter a estabilidade e a credibilidade da política econômica dos Estados Unidos.
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