Na manhã desta quinta-feira (2), a Polícia Federal deflagrou uma operação no Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), cumprindo mandados de busca e apreensão que visam apurar um suposto esquema de manipulação de sentenças, especialmente em processos agrários. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que o advogado Juarez Chaves de Azevedo Júnior e o desembargador José James Gomes Pereira são alvos dessa investigação, que levanta sérias questões sobre a integridade do Judiciário estadual.
Impedimentos e buscas no TJPI
Com base na decisão do ministro Sebastião Reis Júnior, comunicada em 23 de setembro, Juarez foi proibido de acessar as dependências do TJPI e de manter qualquer contato com o desembargador José James Gomes Pereira. As medidas foram tomadas após o STJ expedir ordens de busca e apreensão em diversos endereços relacionados aos suspeitos, que foram cumpridas efetivamente nesta quinta-feira.
Os mandados foram executados no gabinete do desembargador, na residência dele e em endereços da filha e de outros dois advogados, Juarez e Germano Coelho Silva Barbosa. Nem a Polícia Federal nem o STJ divulgaram muitos detalhes sobre a natureza das acusações ou o papel do desembargador no esquema investigado, citando a necessidade de manter informações em segredo de justiça.
Reações e posicionamentos dos envolvidos
Em meio à operação, Germano Coelho manifestou tranquilidade e se comprometeu a colaborar com as autoridades. Ele ressaltou que não enfrenta nenhuma acusação formal e que seus atos estão pautados pela legalidade e transparência. A defensoria do advogado está disposta a prestar os esclarecimentos necessários à Justiça, assegurando que todos os fatos serão esclarecidos ao longo das investigações.
Enquanto isso, a comunicação oficial do TJPI confirmou que a Corte está ciente da decisão do STJ e estará cumprindo todas as medidas determinadas, destacando que os serviços judiciários não serão impactados e que o tribunal permanece dedicado à garantia do pleno acesso à Justiça.
Manifestação das associações de magistrados e advogados
A Associação dos Magistrados Piauienses (AMAPI) afirmou que, até o momento, não recebeu notificações oficiais sobre o caso, mas está acompanhando os desdobramentos da situação. A entidade destacou a importância do respeito ao devido processo legal e à ampla defesa, enquanto sua assessoria jurídica se dispôs a auxiliar o desembargador José James Pereira durante esse período conturbado.
Por outro lado, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI) também expressou estar atenta às novidades da operação, reafirmando a posição de vigilância e proteção das prerrogativas da advocacia.
O escopo da investigação
A operação da Polícia Federal foca em um possível esquema envolvendo advogados do estado que supostamente estariam falsificando documentos para coagir magistrados a emitirem decisões favoráveis para seus clientes em casos de disputas agrárias. As ações realizadas têm como objetivo coletar documentos e provas que corroboram a movimentação financeira e a associação entre os envolvidos, além de possíveis indícios de corrupção.
A Polícia Federal foi autorizada a apreender não apenas documentos materiais, mas também mídias eletrônicas, como celulares e computadores, para garantir a transparência e a eficiência nas investigações. A operação inclui ainda a possibilidade de apreensão de bens de valor que possam ter origem ilícita, como obras de arte e dinheiro em espécie, caso haja documentação que prove a irregularidade.
Conclusão e próximos passos
A operação traz à tona questões relevantes sobre a ética e a transparência no Judiciário do Piauí. Enquanto as investigações prosseguem, é fundamental observar como as instituições envolvidas lidam com a situação e garantem que os direitos dos envolvidos sejam respeitados. O comprometimento com a verdade e a justiça permanecerá no centro das atenções da sociedade, que aguarda respostas e, principalmente, a continuidade dos serviços judiciais com integridade.
Seguindo os desdobramentos deste caso, a comunidade jurídica e a população expressam um desejo claro de que a verdade sobre o envolvimento do Judiciário em questões de corrupção venha à tona, promovendo a confiança nas instituições.
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