Brasil, 2 de outubro de 2025
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MP do Piauí recorre ao STF após cancelamento de audiência

Ministério Público contesta decisão do TJPI que anula provas em caso de Alandilson Cardoso, namorado da vereadora Tatiana Medeiros.

O Ministério Público do Piauí (MPPI) interpôs um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) contestando a decisão do Tribunal de Justiça do Estado (TJPI) que cancelou a audiência marcada para o caso de Alandilson Cardoso, namorado da vereadora Tatiana Medeiros, e mais 15 réus. A audiência estava agendada para esta quinta-feira (2) e sua suspensão representa um revés significativo nas investigações de lavagem de dinheiro que envolvem os acusados.

A situação processual de Alandilson Cardoso

A investigacão contra Alandilson e os demais réus resulta de uma suposta utilização de empresas de fachada para lavar dinheiro oriundo do tráfico de drogas. Alandilson foi preso em novembro de 2024, em Belo Horizonte (MG), em companhia da vereadora, enquanto estavam com uma passagem comprada para São Paulo. A prisão ocorreu em um contexto em que as forças policiais estavam intensificando a repressão às organizações criminosas que atuam no tráfico.

A audiência de instrução e julgamento foi cancelada na terça-feira (30), após o TJ-PI decidir suspender as provas do processo, impactando diretamente o andamento da ação judicial. Com a decisão do TJ, um relatório financeiro que servia como prova crucial na investigação foi anulado, retirando também todas as demais provas que dependiam desse documento.

A contestação do Ministério Público

O MPPI, através da 20ª Procuradoria de Justiça, argumenta que a anulação das provas poderia resultar na soltura de indivíduos envolvidos com atividades criminosas, afetando a efetividade dos processos judiciais em curso. O promotor Mário Normando, coordenador do Grupo de Atuação Recursal (Garec), expressou preocupação na declaração: “Caso não seja reformada, essa decisão poderá resultar na soltura de diversos integrantes de facções, além de inviabilizar processos judiciais relevantes, uma vez que toda a prova foi anulada.”

A decisão do TJ-PI foi embasada na alegação de que o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) foi obtido sem autorização judicial, o que o tornaria uma prova ilícita. A defesa de Alandilson e de um dos investigados, Erisvaldo da Cruz Silva, argumentou que a documentação havia sido solicitada antes da abertura formal do inquérito. O tribunal considerou, portanto, que essa evidência e todas as suas ramificações eram inadmissíveis no processo.

Implicações legais e o papel do STF

A posição do TJ-PI é alinhada com a interpretação do ministro Alexandre de Moraes, que já havia suspendido processos que usaram relatórios financeiros obtidos de maneira irregular. Contudo, o MPPI acredita que o tribunal estadual não aplicou corretamente a decisão do STF, especialmente ao considerar a repercussão geral do caso, ao mesmo tempo em que desconsiderou as provas relacionadas.

A procuradora de Justiça Zélia Saraiva Lima, responsável por assinar o recurso ao STF, defendeu que a decisão do TJPI deve ser revista, já que a retirada das provas compromete investigações críticas contra facções criminosas e atividades de lavagem de dinheiro, especialmente em um estado onde a criminalidade organizada tem crescido.

Consequências da anulação das provas

A anulação das provas não impacta apenas este caso específico, mas também levanta questões sobre como processos semelhantes serão tratados no futuro. A possível liberação de suspeitos em casos de grande relevância pode criar um precedente prejudicial que afeta a capacidade das autoridades de investigar e processar crimes graves no Piauí e em outras partes do Brasil.

O MPPI prepara-se para defender suas argumentações diante da 2ª Turma do STF, sob relatoria do ministro Gilmar Mendes. As consequências da decisão do STF poderão redefinir os contornos da operação e trazer novos desdobramentos às investigações em andamento.

A situação continua a evoluir, e o impacto tanto na esfera judicial quanto na percepção pública sobre a impunidade e eficácia da justiça em combater a criminalidade organizada estará em evidência nos próximos meses.

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