O Ministério Público do Trabalho (MPT) decidiu instaurar um inquérito para investigar a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) após denúncias de assédio moral e discriminação nas relações de trabalho. O foco da investigação recai sobre dois diretores da agência: Bruno Reis, diretor de marketing, e Roberto Gevaerd, diretor de gestão corporativa.
Acusações e Denúncias
A investigação foi aberta pela Procuradoria Regional do Trabalho da 10ª Região, com sede em Brasília, a partir de uma denúncia coletiva apresentada por um grupo de seis pessoas, a maioria mulheres. Elas relataram que o ambiente de trabalho da Embratur promoveu práticas de favorecimento na distribuição e promoção de cargos, além de discriminação na concessão de gratificações e demissão de funcionários sem a devida justificativa.
A portaria do MPT, assinada no dia 30 de setembro, afirma que as informações trazidas, “em princípio, configuram infringência à ordem jurídico-trabalhista e aos direitos coletivos dos trabalhadores.” A Embratur, procurada sobre o caso, declarou que ainda não recebeu notificação do MPT, mas que garantiria a colaboração com as investigações.
Contexto da Embratur
A Embratur, que busca aumentar o fluxo de turistas estrangeiros para o Brasil, está ligada ao Ministério do Turismo, instituição que, até recentemente, era chefiada por Celso Sabino, do partido União Brasil. Desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Marcelo Freixo ocupa a presidência da Embratur. Os diretores em questão, Bruno Reis e Roberto Gevaerd, têm trajetórias que incluem longas parcerias com Freixo, levantando questões sobre a cultura organizacional do órgão.
Relatos de Ambiente Hostil
Os relatos coletados pelo MPT foram considerados sérios e levaram à decisão de abrir um inquérito sem ouvir inicialmente a Embratur, o que é comum em investigações desse tipo. A agência será notificada após o depoimento das pessoas que apresentaram as queixas, que ocorrerá na primeira quinzena de outubro. É digno de nota que em 2024 houve acusações de que a Embratur empregava funcionários sem a devida supervisão e prestava contas, o que resultou em demissões e processo no Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo ex-funcionários que foram investigados, o clima na agência é de medo e pressão. Um deles relatou: “Há uma tensão muito grande lá dentro, de que ir trabalhar pode resultar em demissão se você não fizer parte da panelinha.” Outro colaborador mencionou situações de intimidação em reuniões e privilégios que favoreciam apenas os aliados.
Resposta da Embratur
A Embratur contestou as denúncias e ressaltou que investigações anteriores já haviam descartado acusações similares, afirmando que as alegações são infundadas e que a agência mantém compromisso com ética e transparência. O órgão visualiza a abertura do inquérito como injusta, uma vez que já foram implementadas medidas corretivas em resposta a problemas anteriores.
Próximos Passos na Investigação
A investigação do MPT ocorre em um momento crítico para a Embratur, que, além de lidar com as acusações de assédio moral, busca fortalecer a imagem do turismo no Brasil. A condução do inquérito será fundamental para determinar a veracidade das alegações e as possíveis implicações para os envolvidos e para a gestão da Embratur.
A Embratur afirma que tem obtido resultados expressivos com a expansão do turismo internacional e assegura que dispõe de um ambiente de trabalho saudável, mas a crise atual poderá desafiar essa narrativa e impactar sua reputação dentro do governo e perante a sociedade.