Recentemente, o Clube de Campo de Mogi das Cruzes (CCMC) decidiu suspender a venda de bebidas destiladas em suas dependências. A medida foi adotada em resposta a um aumento alarmante de casos de intoxicação por metanol, um problema que vem sendo monitorado em todo o Estado de São Paulo. Essas decisões seguem uma recomendação do Sindicato dos Clubes de São Paulo (SindiClubesSP) e têm como objetivo garantir a segurança dos frequentadores.
Aumento dos casos de intoxicação por metanol
Até a última quarta-feira (1º), o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) registrou 43 notificações de intoxicação por metanol em todo o Brasil, sendo 39 delas apenas em São Paulo. Entre esses casos, 10 foram confirmados como intoxicações decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas. O cenário preocupa ainda mais com a confirmação de uma morte relacionada, além de outras sete sob investigação.
O metanol, um álcool utilizado em solventes e produtos químicos, é extremamente tóxico quando ingerido. Seus efeitos nocivos incluem danos ao fígado, cérebro, medula espinhal e nervo óptico, podendo levar à cegueira, coma e até à morte.
A resposta do CCMC e clubes tradicionais
A suspensão das vendas no CCMC será mantida até que haja mais clareza sobre a origem do problema e um plano seguro para sua resolução. O clube destacou que não tem responsabilidade direta sobre eventos promovidos por terceiros, como festas organizadas em suas instalações.
“Essa decisão visa proteger tanto os consumidores quanto a reputação de nossos clubes, demonstrando cuidado e responsabilidade diante de uma questão de tamanha gravidade”, declarou a diretoria do CCMC.
Vários clubes tradicionais da capital paulista, como o Esporte Clube Pinheiros e o Clube Athletico Paulistano, também adotaram suspensão semelhante, seguindo a recomendação do SindiClubesSP. Essa ação reflete uma preocupação coletiva com a saúde e segurança dos frequentadores.
Impacto nos bares e distribuidoras
O aumento das notificações de intoxicação por metanol também está gerando preocupação entre os proprietários de bares e distribuidoras de bebidas. Para tranquilizar os clientes, muitos estabelecimentos começaram a divulgar a origem de seus produtos. Maurício Paiva, dono do Buxixo Rock Bar em Mogi das Cruzes, comentou sobre a preocupação que esse cenário trouxe: “Por causa de uma minoria, todo o setor é prejudicado, que vem lutando desde a pandemia para se manter aberto”.
Erick Ferreira, da distribuidora Mogi Beer, também se pronunciou, ressaltando que já vinha alertando seus clientes sobre os perigos do consumo de bebidas vendidas a preços extremamente baixos. “Muitas vezes o barato sai caro. Na bebida não existe milagre, os caminhos são sempre os mesmos”, declarou Ferreira.
A comerciante Andreza Ruiz, da Flow Up, afirmou que todos os seus produtos são adquiridos de distribuidoras renomadas. “Prezamos pela saúde dos nossos clientes e sempre conferimos a validade e os rótulos”, comentou, destacando o comprometimento com a segurança.
Investigações em andamento
As autoridades têm atuado na apreensão de bebidas adulteradas. No dia 29 de setembro, a Polícia Civil apreendeu 80 garrafas com indícios de falsificação em uma adega em Mogi das Cruzes. Além disso, 21 pessoas foram detidas em Ferraz de Vasconcelos por envolvimento em uma rede de adulteração de bebidas.
Com o aumento dos casos, o número de notificações de intoxicação por metanol subiu para 52, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. As autoridades investigam diversos casos, com um óbito confirmado e outros cinco em investigação. O aumento do número de mortes potenciais está gerando um clima de apreensão entre os consumidores e estabelecimentos do setor.
A necessidade de resguardo e vigilância
Em meio a esse cenário, o SindiClubesSP e as autoridades de saúde reiteram a importância da vigilância e do rigor na qualidade das bebidas comercializadas. A prevenção de intoxicações e a proteção dos consumidores são prioridades a serem mantidas por todos os clubes e estabelecimentos do setor.
A expectativa é que as investigações resultem em uma maior segurança nos procedimentos de venda de bebidas, permitindo que o setor volte à normalidade. É fundamental que tanto os consumidores quanto os proprietários de estabelecimentos estejam atentos e colaborando para a prevenção de incidentes tão graves quanto os relacionados ao metanol.
A luta contra a adulteração de bebidas é um esforço conjunto que envolve fiscalização rigorosa e um compromisso com a saúde pública. Todos têm um papel vital na proteção da comunidade diante de riscos dessa natureza.