Associações representativas de bares, restaurantes, fabricantes e importadores de bebidas destiladas passaram a oferecer treinamentos gratuitos a donos e funcionários, com o objetivo de ensinar como identificar produtos falsificados ou adulterados. As ações, ministradas pela Abrasel, ABBD e Abrabe, focam em sinais de falsificação em garrafas, tampas, rótulos e líquidos.
Identificação de sinais de falsificação em bebidas
Segundo as entidades, o procedimento começa pela tampa, considerada o principal ponto de segurança: tampas originais têm acabamento preciso e impressão de alta qualidade. A presença de lacres plásticos sobrepostos a tampas decoradas é um forte indicativo de adulteração, conforme ressaltam as associações. Além disso, o selo fiscal, obrigatório em bebidas importadas, deve apresentar holografia com letras que aparecem uma a uma – R, F ou B – quando higienicamente verificado, evitando falsificações.
Outro aspecto importante, apontado pelas entidades, é o nível de enchimento da garrafa e a transparência do líquido. Diferenças de coloração e impurezas indicam possíveis fraudes, além da impressão de alta qualidade com informações obrigatórias em português, como ingredientes, origem e registro do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Erros de grafia também são sinais de falsificação.
Cuidados essenciais e riscos do mercado ilegal
“O treinamento alerta para os riscos legais e sociais do mercado ilegal. Estabelecimentos que compram de canais informais ou deixam de exercer cautela podem ser responsabilizados criminalmente”, afirmam as associações, em nota.
Além de orientar sobre o descarte correto de garrafas vazias, as entidades destacam que, em operações policiais, todas as bebidas falsificadas eram envasadas em garrafas originais reutilizadas. Segundo Eduardo Cidade, presidente da ABBD, o comércio ilícito prejudica a saúde pública e é mais barato por causa da alta carga tributária e da impunidade.
Levantamento do Núcleo de Pesquisas e Estatísticas da Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (FHORESP), de abril, aponta que 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsificadas ou contrabandeadas.
Para evitar problemas, a recomendação é verificar sempre a procedência, exigir nota fiscal e checar a autenticidade junto à Receita Federal. O cuidado deve ser redobrado em festas em locais sem fiscalização, onde o risco de consumo de produtos perigosos é maior.
Impacto na vida social e nos negócios
Casos de contaminação por bebidas adulteradas, como o metanol, têm alterado hábitos na capital paulista. Marcílio Eduardo Ferreira da Silva Júnior pretende cancelar a festa de aniversário neste sábado, preocupando-se com a segurança após as recomendações de evitar bebidas falsificadas.
Já Rafael Douglas Martins, de um bar em Santa Cecília, decidiu suspender a venda de destilados por precaução e segurança, mesmo tendo fornecedores confiáveis. Ele afirma que a retomada das vendas ocorrerá somente após a estabilização da situação.
Segundo Martins, “são confiáveis, temos nota, tudo certinho. É sempre o mesmo fornecedor”, reforçando que a preocupação é com a saúde dos clientes.
*Colaborou a TV Brasil