Moradores do bairro de São Marcos, em Salvador, estão em seu terceiro dia de protesto, exigindo justiça pela morte de Caíque dos Santos Reis, um adolescente de 16 anos, que perdeu a vida durante uma ação policial no domingo (28). A manifestação, marcada por cartazes e apelidos emocionais, teve início na manhã de terça-feira (30) e continua a chamar a atenção para a situação de violência na comunidade.
Repercussão da ação policial
Caíque Reis foi sepultado nesta segunda-feira, em um cemitério da Baixa de Quintas, e sua morte desencadeou uma onda de indignação entre os moradores. O adolescente, descrito como um estudante de barbeiro que estava prestes a iniciar um novo emprego, foi alvo de um dos muitos enfrentamentos trágicos entre jovens e forças policiais na capital baiana. Moradores relatam que a polícia teria atirado contra o jovem enquanto ele obedecia às ordens para levantar as mãos, o que gera dúvidas sobre a justificativa da ação letal.
Versões conflitantes
A Polícia Militar alega que a morte de Caíque foi resultado de uma troca de tiros, onde o jovem e outro homem, identificado como Matheus Daniel Chagas da Silva, de 21 anos, teriam disparado contra os policiais. Entretanto, familiares e testemunhas apresentam uma narrativa diferente, sustentando que o jovem estava desarmado e se rendeu antes de ser baleado.
Joselita dos Santos Cruz, mãe de Caíque, expressou sua dor e indignação, afirmando que seu filho não tinha qualquer envolvimento com atividades ilegais e que sua vida foi tirada injustamente. “Ele estava andando e eles mandaram colocar as mãos para cima. Quando ele colocou, deram um tiro na perna da criança e depois levaram lá para dentro”, contou.
Mobilização e apoio comunitário
Os protestos dos moradores têm ganhado apoio de organizações como a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro), que se uniram à causa na defesa dos direitos da comunidade e na busca por uma investigação justa e imparcial. A presença aumentada da polícia na região após os protestos não tem sido suficiente para acalmar a situação ou restaurar a confiança da população nas forças de segurança.
Medidas da polícia e apuração do caso
Após os protestos e a crescente pressão pública, a Polícia Militar decidiu afastar os policiais envolvidos na ação que resultou na morte de Caíque. Em uma nota oficial, a corporação informou que as armas utilizadas pelos agentes foram apresentadas à perícia, e a investigação vai acompanhar a apuração dos fatos com transparência.
As testemunhas e integrantes da comunidade esperam que a verdade sobre os acontecimentos do último domingo seja revelada. “Todo mundo gritando, tem filmagem, tem tudo”, lamentou a mãe de Caíque, enfatizando a necessidade de um retorno à justiça e um combate eficaz ao crime, sem o uso da força excessiva.
Conclusão
A morte de Caíque dos Santos Reis levanta questões urgentes sobre a violência policial e a relação entre a comunidade e as forças de segurança na Bahia. Enquanto os protestos continuam, a esperança por justiça e mudanças nas abordagens de abordagem policial se mantém viva entre os moradores de São Marcos e aliados de diversas organizações comunitárias.
O caso é um lembrete da luta contínua por justiça e equidade nas ações policiais, um tema que ressoa profundamente em muitas comunidades ao redor do Brasil.