A circulação de ônibus em Fortaleza voltou ao normal após a conclusão de um acordo entre a Prefeitura da cidade e o Sindiônibus, o sindicato das empresas de ônibus. Desde a última segunda-feira (1º), 25 linhas que haviam sido suspensas voltaram a operar. Essa decisão vem após uma notificação extrajudicial da prefeitura, que declarou que qualquer negociação futura dependeria do retorno imediato das linhas suspensas.
Retorno das linhas e significância do acordo
Conforme informações do g1, a partir da próxima quarta-feira, a operação dos ônibus seguirá os parâmetros estabelecidos pela Etufor, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza. Isso significa que os horários reduzidos e as frequências ampliadas anteriormente serão restabelecidos.
O Sindiônibus, em nota, ressaltou que esse movimento é um esforço adicional das empresas para reiniciar as negociações, mesmo diante da crise financeira que o setor enfrenta. Muitas empresas vivem desafios significativos para manter suas operações, como a dificuldade no cumprimento das obrigações salariais e na aquisição de insumos, como combustível. O sindicato pediu urgência no diálogo sobre medidas que possam apoiar o transporte coletivo.
Contexto da suspensão das linhas
A suspensão das 25 linhas ocorreu em um cenário onde as empresas buscavam pressionar a administração municipal para aumentar os subsídios destinados ao transporte coletivo. Atualmente, o município repassa cerca de R$ 16 milhões por mês ao Sindiônibus. Entretanto, o sindicato informa que, para que as contas se equilibrem, seria necessário um aporte mensal de pelo menos R$ 23 milhões.
O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, destacou que a paralisação das linhas não foi uma decisão fácil, mas um ajuste necessário visando a saúde financeira do sistema de transporte da capital. Ao longo da última década, o número de passageiros dos ônibus em Fortaleza diminuiu drasticamente — cerca de 54,7% desde 2015. O transporte público, que já atendia 1,15 milhão de usuários diários, hoje é utilizado por aproximadamente 520 mil pessoas.
Impactos da crise no transporte público
A queda no número de passageiros e as dificuldades financeiras resultaram na suspensão de 25 linhas e na redução da frequência de outras 29. Estima-se que o cancelamento das linhas afete cerca de 9 mil usuários, embora a Etufor indique que esse número pode ultrapassar 10 mil.
Outra questão alarmante foi o encerramento das atividades da empresa Santa Cecília, que operava 31 linhas. Essa situação evidencia a gravidade da crise que o transporte público enfrenta em Fortaleza, onde a deterioração do sistema pode levar a uma interrupção dos serviços essenciais se as condições não forem revertidas rapidamente.
Papel do governo e necessidade de medidas
A Etufor informou que a decisão de suspensão não havia sido autorizada e estava fora do planejamento oficial. A empresa reiterou o comprometimento da prefeitura em garantir os subsídios necessários, mas também enfatizou a importância de um diálogo constante com o Sindiônibus para evitar prejuízos para os usuários.
Os desafios financeiros são evidentes e o déficit mensal das empresas já alcança cerca de R$ 9 milhões. O sindicato argumenta que sem a cooperação do governo federal e um esquema de subsídios mais eficaz, a continuidade do transporte coletivo em Fortaleza pode estar em risco.
O futuro do transporte público na capital cearense
A complexidade da situação atual requer uma abordagem colaborativa entre todos os envolvidos. Enquanto a administração municipal é responsável por assegurar um serviço adequado, o Sindiônibus precisa explorar estratégias que possam trazer de volta os usuários ao sistema, buscando melhorias na eficiência e na qualidade do serviço prestado. Assim, a cidade de Fortaleza poderá contar com um transporte público que atenda adequadamente a crescente demanda por mobilidade urbana.
Por fim, o cenário para os próximos meses permanece desafiador. O sucesso dessa reestruturação no transporte coletivo dependerá da capacidade de diálogo entre as partes e da implementação de soluções eficazes que visem uma recuperação saudável do serviço, essencial para a vida diária dos fortalezenses.