Durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada em Nova York, destacou-se a tensão crescente nas relações internacionais dos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump. Essa postura, marcada por uma abordagem transacional em nome do “America First”, tem prejudicado alianças tradicionais que sustentaram a influência global americana desde o pós-Segunda Guerra Mundial.
O valor das alianças na estratégia americana
Em sua carta de renúncia de 2018, o então Secretário de Defesa, general James Mattis, afirmou que a força de uma nação está intrinsecamente ligada à robustez de seus acordos e alianças. Segundo ele, a proteção dos interesses americanos depende do respeito mútuo e do fortalecimento de parcerias internacionais.
No entanto, essa visão tem sido abandonada por Trump, ao adotar uma postura mais isolacionista e mercadológica. Essa mudança de paradigma tem consequências palpáveis na política externa e na credibilidade dos Estados Unidos perante seus aliados históricos.
Fraturas nas relações com países-chave
Canadá: uma relação em crise
Um exemplo emblemático dessa mudança é o relacionamento com o Canadá. Durante a Assembleia, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, afirmou que a relação com os EUA passou de uma parceria de “trocas comerciais” para uma “ruptura”, prevenindo que seu país se prepare para um cenário de resistência e fortalecimento interno. Os laços comerciais entre as nações, tradicionais aliadas na defesa e economia, vêm sendo desafiados por tarifas e declarações hostis.
Apesar do comércio bilateral ser robusto, com o Canadá contribuindo significativamente para operações militares lideradas pelos EUA e mantendo uma relação histórica de cooperação, Trump aumentou as tensões ao ameaçar tarifas e fazer acusações infundadas sobre o tráfico de drogas.
Citações indiretas e ações para fortalecer o conflito
O embaixador americano no Canadá, Pete Hoekstra, agravou ainda mais a situação ao expressar, de forma desnecessária, a insatisfação com a reação do Canadá às tarifas comerciais, dizendo que a relação poderia ser alvo de medidas protecionistas extremas, como tarifas de 500% na cadeia de aço ou ataques diplomáticos.
Consequências de uma estratégia de alianças fragilizada
Analistas avaliam que a postura de Trump e sua visão transacional das relações internacionais fragilizam alianças estratégicas de longo prazo, prejudicando a liderança global dos EUA. A narrativa de desconfiança e de desvalorizar parcerias tradicionais reflete uma compreensão incompleta do papel das alianças na manutenção da influência e da segurança internacional.
Especialistas alertam que a ausência de cooperação e respeito às alianças pode diminuir a capacidade de resposta conjunta diante de crises globais, além de desgastar a imagem internacional dos Estados Unidos, dificultando futuras negociações em momentos de necessidade.
Perspectivas futuras
Se a administração Trump continuar adotando uma postura centrada no unilateralismo e no confrontamento, é provável que o país enfrente dificuldades para manter sua influência na política internacional. Investimentos em alianças sólidas e na cooperação multilateral continuam sendo essenciais para a manutenção da liderança global dos EUA.