Brasil, 1 de outubro de 2025
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Lula viaja à Ásia em busca de novos mercados e negociações com EUA

Presidente Lula fará missão à Ásia para ampliar exportações brasileiras e tentar reverter sobretaxa de 50% de Washington

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca no final de outubro para a Ásia, com o objetivo de fortalecer parcerias comerciais e buscar alternativas à sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A viagem inclui visita à Malásia, onde participará de reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), além de uma possível audiência com o presidente norte-americano Donald Trump.

Perspectivas de negociações e fortalecimento comercial com a Asean

Lula foi convidado pelo primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, para participar da cúpula da Asean, marcada para 26 de outubro em Kuala Lumpur. Será a primeira vez que um mandatário brasileiro participa do evento, que reúne países como Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietnã, responsáveis por uma economia de US$ 4 trilhões e uma população de 680 milhões de habitantes.

Segundo interlocutores do governo, a participação visa aprofundar a relação com o bloco, ampliar exportações e reduzir barreiras comerciais, especialmente não tarifárias em setores como o agropecuário. Ainda há a intenção de diversificar as exportações, incluindo venda de aviões civis e militares, equipamentos de defesa e máquinas para produção de biocombustíveis, sobretudo o etanol.

Década de crescimento e potencial de mercado na Ásia

Dados do período de janeiro a agosto de 2025 apontam um superávit de US$ 7,3 bilhões na balança Brasil-Asean, refletindo exportações de produtos como óleos combustíveis, petróleo, farelo de soja e milho. Ao mesmo tempo, o comércio de importados, que inclui transistores, válvulas e equipamentos de telecomunicações, soma cerca de US$ 7,9 bilhões.

Especialistas avaliam que a região oferece uma oportunidade de valor agregado devido às regulações reduzidas e forte vínculo econômico com a China, maior parceiro da Asean. Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na Malásia e na China, ressalta a importância de conquistar mercados onde o Brasil não enfrenta altas tarifas, especialmente em setores como carne bovina, que sofram restrições nos EUA.

Encontro com Trump e estratégias de negociação

Entre as ações previstas na viagem, há a tentativa de marcar encontro entre Lula e Trump, que foi convidado a participar da cúpula da Asean. Fontes próximas ao governo confirmam que Kuala Lumpur surge como possível palco para a reunião, que também envolveria líderes de União Europeia, China, Índia, Rússia e Japão.

O convite oficial a Trump foi feito após o discurso de Lula na ONU, em defesa da soberania brasileira, e sinaliza um movimento de aproximação para negociar a eliminação da sobretaxa de 50% sobre produtos nacionais. A reunião deve ocorrer antes de o presidente brasileiro retornar ao Brasil, na previsão de chegar a Jacarta no dia 23 de outubro, após passagem por Kuala Lumpur.

Interesses econômicos e alianças estratégicas na Ásia

Lula pretende ampliar a parceria brasileira na área de semicondutores, conquistar mercado halal — que atende aos preceitos islâmicos — e fortalecer vínculos comerciais com a Malásia, especialmente com empresas como Petronas e Yinson, no setor de petróleo e gás.

Na região, a estratégia também inclui apoio a setores produtivos brasileiros, especialmente produtores de carne, que enfrentam tarifas elevadas no mercado americano. Caramuru afirma que a atuação no Sudeste Asiático é fundamental para impulsionar as exportações brasileiras, além de oferecer oportunidades de produtos de valor agregado.

Próximos passos e cenário político internacional

A viagem de Lula à Ásia faz parte de um esforço maior de diversificação de alianças e de fortalecimento do comércio exterior brasileiro, especialmente diante das tensões comerciais com os EUA. Além da Malásia, o presidente passará por Jacarta, na Indonésia, visando aprofundar o relacionamento com o Mercosul e a Asean, em movimentos semelhantes aos feitos com União Europeia e Efta.

Analistas destacam que o momento demanda uma abordagem multifacetada, conciliando interesses políticos e econômicos, enquanto o governo brasileiro busca consolidar uma posição mais autônoma e estrategicamente alinhada aos interesses do país na arena internacional.

Fonte: O Globo

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