O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou nesta quarta-feira (1º) os contatos com lideranças do centrão, especialmente do União Brasil e PP, nas vésperas de uma das votações mais decisivas para sua gestão no Congresso. A reunião ocorreu em meio ao esforço do governo para garantir a aprovação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados.
Articulação em defesa do relatório de Arthur Lira
De acordo com relatos, Lula pediu a aprovação do parecer do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sem a inclusão de destaques, para evitar que o texto seja alterado em plenário. A estratégia visa impedir que a votação seja fatiada, o que abriria brechas para mudanças que poderiam comprometer o projeto, sobretudo em relação às compensações fiscais. O próprio Lira também demonstra empenho na mesma direção, reunido com lideranças do centrão para reforçar a unidade em torno da proposta.
Diálogo com líderes e sinais de descontentamento
Pedro Lucas (União Brasil-MA), líder do partido na Câmara, esteve no Planalto pela manhã em encontro não divulgado oficialmente, mas que teria ocorrido durante o horário de uma reunião da bancada. No mesmo dia, o deputado Dr. Luizinho (PP-RJ) participou de almoço no Palácio da Alvorada com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em um momento de tensão pelos pedidos de saída dos partidos governistas da base aliada.
Apesar do ultimato, há dificuldades internas, como no caso do PP, onde André Fufuca permanece no comando do Ministério do Esporte, apesar de decisão partidária pela troca. No União, Celso Sabino (Turismo) já protocolou sua carta de demissão, mas continua no cargo e acompanhará Lula na agenda da COP-30, no Pará, nesta quinta-feira.
Importância política e resistência às mudanças
O esforço de Lula e de Lira reflete a relevância eleitoral do projeto. A proposta, que aumenta a faixa de isenção do IR para até R$ 5 mil, com desconto gradual até R$ 7.350, é vista pelo Planalto como uma vitrine para a campanha de reeleição em 2026. No entanto, ainda há resistências, principalmente em setores do PP e do União, que pressionam por alterações, como ampliar a isenção para R$ 7,5 mil e retirar a exigência de compensação de 10% para quem recebe acima de R$ 1,2 milhão ao ano.
>Segundo líderes, qualquer mudança significativa precisa passar pela aprovação do Planalto, que tem se mostrado cauteloso para evitar travamentos na tramitação. A estratégia é construir acordos nos bastidores para garantir o apoio necessário na votação.
Resultado esperado e envolvimento do Congresso
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reuniu-se na manhã desta quarta com o presidente do PT, Edinho Silva, numa tentativa de reforçar a aproximação com o governo, numa semana marcada por negociações intensas. Na véspera, Lula já havia conversado com Motta e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), reforçando a expectativa de aprovar o texto sem sobressaltos.
Estimativas da equipe econômica indicam que o projeto deve beneficiar cerca de dez milhões de brasileiros, sendo uma das principais promessas de campanha de Lula. A expectativa é que, se aprovado até o final de dezembro, o benefício entre em vigor já na declaração de IR do próximo ano, coincidindo com o período eleitoral.
Assim, o resultado da votação na Câmara será decisivo não apenas para a pauta econômica, mas também para o cenário político, especialmente na reta finalize do ciclo eleitoral de 2026.