O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, terminou setembro com uma valorização acumulada de 21,58% no ano, mesmo em um cenário de taxa básica de juros em 15%, o maior patamar desde 2006. Com oito recordes nominais em setembro, o índice mantém uma trajetória de alta que, até agora, superou todas as aplicações financeiras, incluindo a renda fixa.
Fatores que impulsionam o desempenho do Ibovespa
Segundo analistas, há três principais motivos por trás dos recordes consecutivos do principal índice da Bolsa. Um deles é a valorização do mercado acionário frente à taxa de juros brasileira e o ciclo de queda na taxa americana, a Selic, que deve reduzir ainda mais em 2026. Além disso, a desvalorização do dólar frente às principais divisas globais impulsiona o desempenho em moeda estrangeira, com alta de 41,1% no ano, a maior desde 2016.
Contexto internacional e rotatividade de investimentos
O movimento de rotação das carteiras globais, com investidores estrangeiros buscando retornos em mercados emergentes, é outro fator que ajuda a sustentação do Ibovespa. A desvalorização do dólar e a perspectiva de novas reduções na taxa de juros nos Estados Unidos, estimadas pelo Federal Reserve, estimulam essa migração de recursos para países emergentes, incluindo o Brasil.
Perspectivas para o mercado e a economia brasileira
Analistas apontam que a redução prevista na Selic, possivelmente até o fim de 2025, pode gerar melhorias nos resultados das empresas brasileiras e aumentar a atratividade do mercado local. Além disso, com o mercado financeiro valorizando as ações diante de múltiplos baixos — ou seja, o valor de mercado em relação ao lucro das empresas — há um potencial de retorno a médias históricas de valuation, que hoje estão mais baixas do que o normal.
Impactos na economia e o cenário internacional
Via de regra, o ambiente externo favorece o Brasil. A queda de 14% do dólar no ano e a expectativa de que os juros americanos possam cair ainda mais incentivam a busca por investimentos em países emergentes. De acordo com Eduardo Grübler, gestor da Warren Investimentos, a desconfiança com os riscos fiscais e políticos do Brasil diminui, e o país volta a ser atraente, sobretudo com o diferencial de juros favorável.
O saldo de investimentos estrangeiros na B3 atingiu R$ 4,8 bilhões até 26 de setembro, acumulando mais de R$ 26 bilhões no ano, o maior desde 2022. Em contrapartida, o investimento institucional local, altamente composto por fundos de pensão, apresenta um déficit de R$ 40,5 bilhões devido às restrições dos títulos públicos de alta rentabilidade.
Expectativa de redução da Selic e influência no mercado
Com a perspectiva de redução na Selic, possivelmente até o fim de 2025, há esperança de que as empresas cíclicas, voltadas ao consumo interno, se valorizem ainda mais. Empresas como Cogna Educação, C&A e Cury já acumularam altas expressivas neste ano, refletindo o otimismo com o cenário de juros mais baixos e crescimento econômico sustentável.
Previsões e análises futuras
Fernando Siqueira, estrategista-chefe da Eleven Financial, projeta que a Selic pode terminar o próximo ano em torno de 12%, o que traria maior estímulo ao mercado de ações e melhorar os resultados das empresas. A expectativa de que a dívida pública brasileira ganhe espaço nas avaliações também reforça esse cenário de otimismo, já que, segundo analistas, os múltiplos de valuation das empresas estão mais baratos do que a média histórica.
Assim, o mercado financeiro brasileiro permanece em franca expansão, atraindo fluxo de capitais internacionais e apresentando uma recuperação consistente, mesmo diante das altas taxas de juros e das incertezas fiscais e políticas.
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