Brasil, 1 de outubro de 2025
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Guardas civis de São Vicente respondem a processo por homofobia

Jovens relatam agressões durante abordagem de GCM em São Vicente, SP, enquanto aguardam decisão judicial sobre o caso.

No dia 15 de julho de 2021, um incidente lamentável ocorreu na rodoviária de São Vicente, no litoral de São Paulo, envolvendo dois guardas civis municipais que agora se encontram sob a investigação e julgamento da Justiça. O caso se tornou uma referência sobre o tratamento homofóbico em abordagens policiais, levantando questões importantes sobre a conduta de agentes de segurança e a proteção dos direitos da comunidade LGBTQIA+.

O incidente

As vítimas, identificadas atualmente como Bianca da Silva Loureiro, Emily Tiffany e Nathalia Lima, afirmam que durante a abordagem, os guardas civis os trataram de forma ofensiva, utilizando expressões como “transformistas” e “viados”. João Pedro da Silva Loureiro e Luanderson Almeida Leite, homens gays, e Nathalia, uma mulher trans, eram os jovens presentes no momento da abordagem que, segundo as vítimas, foi marcada não apenas pela violência verbal, mas também pela ação física onde uma das mochilas foi esvaziada de forma agressiva, resultando até na rasgação de uma peça de roupa de Bianca.

Acusações formais e progresso judicial

De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP), os dois guardas civis foram denunciados por injúria racial em 2024, uma vez que as ofensas dirigidas às vítimas em razão de sua orientação sexual foram equiparadas às que ocorrem em casos de racismo. O MP-SP destacou que as palavras proferidas pelos acusados tinham a intenção clara de desrespeitar e menoscabar a dignidade das jovens, evidenciando um padrão de comportamento homofóbico.

A audiência de instrução ocorreu em 17 de setembro e, após a apresentação das alegações finais, o caso agora aguarda uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

A defesa dos guardas e a posição da prefeitura

Os advogados envolvidos têm defendido suas respectivas posições vigorosamente. O advogado das vítimas, Rui Elizeu de Matos Pereira, expressou confiança na condenação dos guardas, reforçando que a homofobia é um crime que não prescreve e que as vítimas foram submetidas a humilhações em um espaço público.

Por outro lado, a defesa dos guardas, representada por Lilian Arede Lino, argumentou que a abordagem foi motivada por suspeitas de uso de drogas na via pública. Segundo ela, as vítimas estavam em uma área pública que não era adequada, e mesmo que as testemunhas corroborassem a versão de que não estavam usando entorpecentes, uma ata notarial posterior foi apresentada como evidência de comportamentos que podem ser considerados como apologia às drogas.

A Prefeitura de São Vicente, por sua vez, já se manifestou sobre o caso, enfatizando que aguarda um parecer judicial para tomar as devidas ações, ao mesmo tempo em que condena qualquer ato de desrespeito à diversidade e rédeas condutas que possam ser vistas como violência. A gestão municipal também implementou capacitações para a Guarda Civil Municipal, visando a prevenção de atos discriminatórios e violência de preconceito.

Impacto e repercussão

O caso não é isolado e reflete uma preocupação maior sobre a forma como a polícia interage com a comunidade LGBTQIA+. A agressão e a humilhação sofridas pelas vítimas não apenas ferem os indivíduos diretamente envolvidos, mas também ecoam na sociedade, gerando um clima de temor e insegurança entre aqueles que deveriam se sentir protegidos pelas autoridades. A realidade de preconceito e homofobia no país torna esse tipo de incidente ainda mais grave e alarmante.

Os jovens relatam que, mesmo após a humilhação, continuam enfrentando os resquícios do trauma, marcados pela ideia de que as instituições, em vez de proteger, podem ser os principais agentes de violência. Este caso levanta discussões urgentes sobre a retratação da homofobia em nosso sistema judicial e as responsabilidades da polícia na promoção de um ambiente seguro para todos.

Futuro da justiça

Com o processo judicial em andamento, a expectativa recai sobre a sentença que será proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O resultado pode não apenas impactar as vidas das vítimas diretamente envolvidas, mas também sinalizar uma postura do judiciário em relação a crimes de ódio e a necessidade de medidas mais robustas para proteção da diversidade.

Essa situação serve como um alerta para o poder público, os agentes de segurança e a sociedade como um todo: é preciso combater a homofobia e fortalecer medidas que garantam respeito e dignidade a todos, independentemente de sua orientação sexual.

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