Nesta quarta-feira (1º), o governo dos Estados Unidos iniciou uma paralisação parcial, conhecida como “shutdown”, após o Congresso não conseguir aprovar um projeto de lei que estende o financiamento federal. Como resultado, diversos serviços públicos terão suas operações suspensas nas próximas horas, impactando milhões de americanos.
Controvérsia sobre saúde e orçamento
O centro do impasse reside na disputa entre democratas e republicanos sobre programas de assistência médica. Os democratas afirmam que só aprovarão o orçamento se os benefícios de saúde, que estão prestes a expirar, forem prorrogados. Sem essa extensão, estima-se que 24 milhões de cidadãos terão seus custos de saúde aumentados drasticamente, especialmente em estados controlados por republicanos, como Flórida e Texas, onde há menor cobertura para pessoas de baixa renda.
Por outro lado, os republicanos liderados por Donald Trump defendem que saúde e orçamento federal sejam tratados como tópicos separados. Eles acusam os democratas de usar o orçamento como moeda de troca, visando atender demandas eleitorais antes das eleições legislativas de 2026, que definirão o controle do Congresso.
Ameaças de Trump e negociações fracassadas
O ex-presidente Donald Trump ameaçou demitir servidores públicos e encerrar programas ligados aos democratas caso o governo permanecesse paralisado. “Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, afirmou. Na segunda-feira (29), lideranças de ambos os lados se reuniram na Casa Branca para negociar uma saída, mas sem sucesso. As conversas não avançaram, e partidos passaram a acusar um ao outro de forçar a crise.
Na noite de terça-feira (30), o Senado tentou aprovar uma proposta orçamentária, mas esta recebeu apenas 55 votos, insuficientes para aprovação, já que eram necessários pelo menos 60. Enquanto isso, a paralisação limita a atuação de inúmeros serviços públicos essenciais.
Impactos na rotina dos EUA
Com o bloqueio de gastos, milhares de servidores públicos serão colocados em licença, enquanto outros seguirão trabalhando sem salário, recebendo os pagamentos posteriormente. Aeroportos como LaGuardia, em Nova York, já enfrentam possíveis atrasos em voos, pois cerca de 11 mil funcionários da Administração Federal de Aviação (FAA) foram enviados embora.
O setor de turismo também será afetado, com parques nacionais, museus e zoológicos federais podendo fechar ou suspender atividades, incluindo a Estátua da Liberdade e o National Mall, em Washington. No entanto, serviços essenciais, como a segurança pública, patrulhas de fronteira e fiscalização de imigração, continuarão operando.
Outros efeitos e perspectivas futuras
Pesejadas com o fechamento, operações de órgãos como o FBI, a Receita Federal e os tribunais federais terão limitação ou permanecerão funcionando parcialmente, dependendo da duração da paralisação. Mais da metade dos 742 mil funcionários civis do Departamento de Defesa também serão afastados, enquanto cerca de 2 milhões de militares continuarão em seus postos.
O impacto econômico se estende também ao mercado financeiro, uma vez que a paralisação pode atrasar a divulgação de dados econômicos relevantes e afetar políticas públicas, além de dificultar empréstimos e serviços para pequenas empresas.
Segundo análises, a última paralisação ocorrida entre 2018 e 2019 repercutiu duramente na economia, gerando um custo estimado de US$ 3 bilhões. Especialistas afirmam que, caso dure mais tempo, os efeitos podem ser ainda mais devastadores para a economia americana e para os investidores.
Mais detalhes sobre o desenvolvimento da crise podem ser acompanhados no link original do G1.