No dia 29 de setembro de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um importante passo para a segurança do Catar, ao assinar um decreto executivo que garante a proteção desse aliado árabe, não membro da OTAN. Este decreto representa um compromisso significativo dos EUA com a segurança de um aliado estratégico na região do Oriente Médio. A medida é vista como uma reafirmação dos laços que unem Washington e Doha, especialmente em um contexto de crescente tensão geopolítica.
Compromissos do decreto executivo
O decreto assinala que “os Estados Unidos considerarão qualquer ataque armado ao território, soberania ou infraestrutura crítica do Estado do Catar como uma ameaça à paz e segurança dos Estados Unidos”. Essa declaração destaca a seriedade com que Washington encara a segurança do Catar em um ambiente internacional cada vez mais volátil.
A assinatura do decreto ocorreu em meio a uma visita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, à Casa Branca, onde ele se desculpou com o primeiro-ministro catariano por um ataque israelense em Doha no mês anterior. Durante essa mesma aparição, Trump apresentou um plano de paz para Gaza, que, diferentemente de propostas anteriores, não mencionou especificamente que Israel não atacaria o Catar, gerando algumas preocupações na região.
Medidas de defesa e apoio
O decreto detalha que os Estados Unidos tomarão “todas as medidas legais e apropriadas” para defender o Catar. “Em caso de tal ataque, os Estados Unidos adotarão todas as medidas legais e apropriadas — incluindo medidas diplomáticas, econômicas e, se necessário, militares — para defender os interesses dos Estados Unidos e do Estado do Catar e restaurar a paz e a estabilidade,” diz o documento.
O governo catariano acolheu a nova ordem executiva, com o ministro das Relações Exteriores afirmando que ela reflete “os fortes e duradouros laços entre Doha e Washington.” Ele destacou que o Catar continuará comprometido a trabalhar com os Estados Unidos e parceiros internacionais como um mediador de confiança para enfrentar desafios compartilhados e promover a paz sustentável na região.
Significado para o Catar e a relação com os EUA
Este decreto representa uma conquista significativa para o Catar, que, assim como outros ricos estados árabes do Golfo, busca há anos uma garantia de segurança mais robusta por parte dos EUA. Em 2022, o Catar foi oficialmente designado aliado importante fora da OTAN pelo governo Biden, o que lhe conferiu privilégios militares e de defesa aprimorados. Além disso, o país abriga a Base Aérea de Al Udeid, um dos maiores centros militares dos EUA no Oriente Médio, evidenciando os já profundos laços de segurança entre Doha e Washington.
Durante uma visita ao Catar no início do ano, Trump se comprometeu publicamente a “proteger” o país, um compromisso feito em meio a anúncios de quase US$ 3 trilhões em compromissos econômicos de Doha e outros estados árabes do Golfo na mesma ocasião. Desde então, o Catar foi alvo de ataques de Irã e Israel, reforçando a necessidade de proteção internacional.
Interesse regional e futuras discussões
Situações semelhantes também são observadas na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, que buscam garantias de segurança mais explícitas dos EUA. Riyadh, por exemplo, tem se engajado em discussões com Washington em direção a um framework formal de segurança, especialmente durante a fase final da administração Biden, embora nenhum acordo abrangente tenha sido alcançado até agora.
A nova ordem executiva de Trump não só reflete um importante desenvolvimento nas relações entre os EUA e o Catar, mas também lança luz sobre o complexo cenário de segurança no Oriente Médio, onde se utilizam alianças estratégicas em um ambiente de instabilidade.
Reportagem adicional de Mohammed Tawfeeq, da CNN.
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