O deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha (PRD), é investigado pela Polícia Federal (PF) desde 2011, sendo acusado de chefiar uma milícia envolvida na lavagem de dinheiro em Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia. As investigações apontam que o grupo opera há mais de uma década, com o jogo do bicho, agiotagem e desmanche de veículos como suas principais fontes de renda.
Prisão e desdobramentos
Nesta quarta-feira (1º), a PF prendeu a esposa e o filho do deputado, além de outras sete pessoas, incluindo quatro policiais militares. Binho Galinha nega as acusações, mas a situação se agrava com as recentes operações da PF. Na terça-feira (30), o deputado ainda estava na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), não sendo considerado um foragido na ocasião.
A cronologia das investigações
Em dezembro de 2023, a PF deu início à operação “El Patrón”, bloqueando R$ 200 milhões das contas dos investigados e prendendo seis pessoas, entre elas Mayana Cerqueira da Silva, esposa de Binho, e seu filho João Guilherme, de apenas 18 anos. De acordo com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), foram descobertos indícios de que o deputado estava lavando dinheiro através de empresas e vendendo peças de veículos roubados em sua loja de autopeças, chamada Tend Tudo.
Durante as investigações, foram encontrados milhares de peças de carros em um de seus imóveis. Em 2020, a loja emitiu uma nota fiscal de R$ 3 milhões pela venda de mil cabines de caminhão, mas os auditores não encontraram comprovações de entrada de recursos e indicaram que não havia vestígios de compra para revenda.
O papel da família nas operações
A investigação revelou ainda que o filho de Binho Galinha era responsável por receber o dinheiro de atividades ilegais, repassando cerca de R$ 474 mil a seu pai. A esposa do deputado apresentava uma movimentação financeira estranha em relação aos rendimentos declarados, envolvendo transações com outros suspeitos. Com o avanço das investigações, a PF se preparava para desmembrá-las em novas operações, visando o fortalecimento das provas e a continuidade dos processos judiciais.
Reviravoltas judiciais
Em junho de 2025, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou os efeitos da operação por falhas na investigação, especialmente na obtenção de relatórios sigilosos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Contudo, essa decisão foi revertida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que manteve a legalidade das provas e autorizou o prosseguimento das investigações.
Em outubro de 2025, a PF deflagrou a “Operação Anômico”, um desdobramento da “El Patrón”, onde foram cumpridos dezoito mandados de busca e apreensão em diversas localidades. Novamente, a Justiça bloqueou R$ 9 milhões das contas dos investigados. Durante a operação, ficou evidente que, mesmo sob medidas cautelares, o deputado continuava a liderar o grupo criminoso, utilizando empresas de fachada e “laranjas” para disfarçar suas movimentações financeiras.
A resposta da Assembleia Legislativa
A presidente da Alba, deputada Ivana Bastos (PSD), manifestou que a Casa Legislativa adotará as medidas cabíveis assim que for oficialmente notificada sobre os desdobramentos do caso. O Conselho de Ética será acionado para analisar a situação de Binho Galinha com a objetividade que o caso requer.
Consequências e próximos passos
Se condenados, os envolvidos podem enfrentar penas somadas que ultrapassam 50 anos de prisão. Tanto os investigadores quanto o público aguardam ansiosamente o desenrolar das investigações, que continuam a revelar novos detalhes sobre as práticas criminosas de Binho Galinha e sua família. A PF anunciou que as apurações prosseguirão para identificar possíveis novos envolvidos e desarticular completamente a organização criminosa.
O escândalo em torno de Binho Galinha serve como um alerta sobre a corrupção e a atuação de milícias no Brasil, especialmente em estados com altos índices de criminalidade. A sociedade civil e os órgãos de fiscalização permanecem vigilantes, cobrando ações efetivas para combater práticas ilegais que minam a confiança nas instituições públicas.